Em crise, Sedeco e comerciantes denunciam abandono de mercado (Vídeo)

CIDADE DO MÉXICO ( Proceso ).– Poucos meses antes do fim do primeiro ano do atual governo, comerciantes e produtores da Cidade do México relataram uma deterioração em seu relacionamento com o Ministério do Desenvolvimento Econômico (Sedeco).
Porta-vozes do Movimento Plural de Comerciantes do Mercado Público e da União de Comerciantes e Produtores de Nave Roja indicaram que a comunicação com a agência enfraqueceu em comparação com administrações anteriores, apesar de esses setores representarem uma parte central da cadeia comercial que fornece alimentos à população.
Representantes de ambos os setores atribuíram essa situação à falta de experiência da chefe da Sedeco, Manola Zabalza, e de outros funcionários da agência. Eles indicaram que essa condição impactou a coordenação de programas e processos administrativos, como o Programa de Melhoria de Mercado, que envolve recursos da agência e dos governos municipais, além de atender às necessidades dos mercados públicos e dos produtores que abastecem a Central de Abastecimento (Ceda).
Em entrevista, Edgar Mendieta, membro e porta-voz do Movimento Plural, considerou que a falta de capacidade da agência em construir um canal de comunicação eficaz com os comerciantes também decorre da coordenação mantida pela Sedeco com autoridades do governo central, como o subsecretário de Governo Fadlala Akabani.
Ele enfatizou firmemente a importância de este departamento construir um relacionamento produtivo e saudável com os comerciantes da cidade:
A questão é que o Ministério do Desenvolvimento Econômico tem uma Diretoria de Abastecimento e Distribuição de Alimentos. É lá que todos nós que prestamos serviços ao mercado público ou ao abastecimento de alimentos estamos conectados.
Para colocar isso em perspectiva, ele explica que existem 340 mercados na Cidade do México, 200 concentrações e mais de mil mercados ao ar livre. Só nos mercados, há 79.000 vendedores: "Calculando essas 79.000 barracas, com base em um valor bruto de vendas muito baixo de mil pesos, estamos falando de 70 milhões de pesos movimentados diariamente nos mercados públicos; um valor semanal de 553 milhões de pesos, do qual dependem fornecedores, distribuidores, transportadores, carroceiros e trabalhadores."
Além disso, Mendieta destacou que as obrigações da agência com os feirantes não foram cumpridas. Para ilustrar, ela se referiu ao Programa de Melhoria do Mercado, no qual a prefeitura fornece 60% dos recursos e a prefeitura os outros 40%, cuja alocação é de responsabilidade da Sedeco.
Essa falta de experiência, por assim dizer, fez com que até o momento não publicassem esse exercício, que tem regras de funcionamento e muitos fatores que devem ser atendidos para que esse orçamento seja concedido a um mercado.
O porta-voz alerta que o atraso na implementação deste programa já dura um ano, pois a coleta de informações para alocação dos recursos do próximo ano já deveria ter sido concluída, então o atraso é significativo: "Isso demonstra negligência".
Ele também lembrou que o descontentamento dos comerciantes com a Sedeco começou em 9 de janeiro, com a publicação no Diário Oficial das Diretrizes para o Funcionamento e Operação dos Mercados Públicos, o que levou a bloqueios e passeatas por toda a capital mexicana.
O único contato que tiveram com Zabalza foi quando ele foi aos mercados para "promover e se manifestar a favor" dessas diretrizes. Desde então, não receberam "as Diretrizes para a Operação e Funcionamento dos Mercados Públicos".
Diante da indiferença do funcionário, os comerciantes solicitaram que seu interlocutor com as autoridades nas mesas de diálogo fosse o Secretário de Governo, César Cravioto. Eles também mantiveram conversas com o Subsecretário de Governo, Fadlala Akabani, durante as quais testemunharam desrespeito por parte de funcionários da Sedeco, que visavam o ex-chefe do mesmo departamento: "Somos nós que sofremos com essa falta de coordenação."

Edgar Mendieta enviou a esta redação um vídeo ( veja no final do texto ) no qual o chefe da Direção de Abastecimento, Edgar Torres, diz a Akabani que "ele não manda", enquanto os comerciantes presentes exigem respeito ao atual funcionário da Secretaria de Governo.
Os produtores também estão insatisfeitos
Reynaldo Castañeda, presidente do Sindicato dos Comerciantes e Produtores de Nave Roja (Navio Vermelho) da CEDA, acredita que a relação com a Sedeco se deteriorou sob este governo. Durante o mandato anterior de seis anos, eles conseguiram construir um relacionamento eficaz com os contatos estabelecidos durante o governo Akabani, embora não tivessem comunicação direta com ele.
Castañeda destacou o papel dos produtores de hortaliças da capital mexicana, pois são eles que iniciam a cadeia comercial que permite levar os alimentos aos pratos dos cidadãos:
É impossível que a funcionária (Manola Zabalza) não quisesse nos ver. Ela mandou uma secretária para lá. Ela praticamente nem sabe o que é a Central de Abasto, então, logicamente, tem medo de falar conosco.
"Não temos limpeza, não temos energia elétrica, não temos segurança", reclama o representante do produtor.
Afirma também que a Sedeco delega sua responsabilidade à coordenadora geral da Ceda, Mónica Pacheco Skidmore.
"Eles não entendem o que significa ser produtor e o abuso a que somos submetidos. Eles não entendem que pode faltar ambulantes, pode até faltar comerciantes, mas sem produtores, tudo para."
Tanto Castañeda quanto Mendieta consideraram um erro estratégico do governo central (liderado por Clara Brugada, de Morena) negligenciar as necessidades dos comerciantes e produtores.
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