Um lar para pinguins idosos será inaugurado em Boston.

▲ Na ilha geriátrica do Aquário da Nova Inglaterra, em Boston, pinguins africanos com mais de 30 anos recebem suplementos e anti-inflamatórios para artrite e dores articulares, além de colírio para glaucoma. (Foto AP)

▲ Na ilha geriátrica do Aquário da Nova Inglaterra, em Boston, pinguins africanos com mais de 30 anos recebem suplementos e anti-inflamatórios para artrite e dores articulares, além de colírio para glaucoma. (Foto AP)

Ap

Jornal La Jornada, terça-feira, 4 de novembro de 2025, p. 6

Boston. Quando Lambert começou a perder a visão e a andar mais devagar, ficou claro que ele precisava ser transferido para um lugar onde pudesse envelhecer em segurança e permanecer com seus amigos.

No entanto, ele não podia ser transferido para qualquer lar de idosos, pois é um pinguim africano criticamente ameaçado de extinção. Portanto, o Aquário da Nova Inglaterra em Boston, onde Lambert, de 33 anos, nasceu e viveu toda a sua vida, decidiu em fevereiro abrir uma ilha geriátrica para ele e seus outros seis pinguins idosos.

“Para ser sincero, tudo começou como uma brincadeira. Era algo como: ‘E se os colocássemos em um lar de idosos?’”, disse Eric Fox, curador assistente de pinguins do aquário. “Mas quanto mais analisávamos os dados sobre o bem-estar deles e entendíamos as doenças que sofriam, bem como suas limitações físicas, mais percebíamos que tínhamos descoberto algo importante.”

A ilha rochosa perto da entrada do aquário está separada do resto da colônia de 38 aves, garantindo que os pinguins mais velhos não precisem competir por território com seus companheiros mais jovens, que costumam ser agressivos. Esses pinguins, com sua plumagem preta e branca característica, têm cerca de 60 centímetros de altura e pesam aproximadamente o mesmo que um gato doméstico grande.

O recinto possui uma topografia mais plana e um caminho acarpetado que leva até a água, permitindo que Lambert e os outros pinguins se movimentem pela ilha com mais facilidade. O aquário construiu uma plataforma em frente à ilha, facilitando a saída dos pinguins da água.

Como resultado, Mia Luzietti, a treinadora principal de pinguins do aquário, mencionou que tem visto Lambert mais ativo desde que se mudou para a nova ilha: ele nada mais com sua companheira e sai da ilha com mais frequência.

Longevidade em cativeiro

O conceito surgiu de uma preocupação maior que afeta zoológicos e aquários em todo o mundo: o que fazer quando seus animais vivem mais do que seus semelhantes na natureza. No caso desses pinguins africanos, alguns têm mais de 30 anos e um deles viveu até os 40. Isso representa o dobro da expectativa de vida que teriam na natureza, na África do Sul e na Namíbia, devido a ameaças como poluição e escassez de alimentos causadas pela pesca excessiva.

“É crucial que, à medida que aprendemos quanto tempo esses animais podem viver em um ambiente ideal, tenhamos evoluído de acordo”, disse Luzietti. “Portanto, aprender individualmente como podemos proporcionar aos nossos animais as melhores condições para prosperarem foi o que realmente nos levou a criar nossa ilha de aposentadoria, um lugar onde nossos pinguins mais velhos desfrutam de uma vida mais confortável e tranquila enquanto passam seus últimos dias aqui”, acrescentou. Cuidar de pinguins idosos vai muito além de um recinto mais seguro.

As aves mais velhas recebem exames mais frequentes do que as mais jovens, e os veterinários oferecem tratamentos para doenças que podem ser comuns em humanos mais velhos, como suplementos e anti-inflamatórios para artrite e dores articulares, e colírios para glaucoma. Além disso, mais câmeras foram instaladas na ilha para permitir que a equipe a monitore mais de perto. "Estamos prestando mais atenção a algumas dessas aves mais velhas", disse Luzietti. "É importante que observemos esses detalhes: como seus quadris se movem, como caminham, como se comportam, se estão semicerrando os olhos. A menor mudança diária pode esconder um grande segredo."

Recentemente, Luzietti estava no recinto dos animais idosos cuidando de Lambert , que parecia satisfeito em pé no alto da ilha com seu companheiro Dyer III , acariciando-se mutuamente e, ocasionalmente, emitindo um mugido alto como o zurro de um burro. Seu olho esquerdo havia sido removido devido a uma infecção, e ele sofre de glaucoma no olho direito. Ele também sofre de inflamação crônica. Luzietti o ajudou a descer de seu poleiro e, logo em seguida, ele estava sentado em seu colo, preparando-se para sua dose diária de colírio.

Enquanto uma multidão se reunia ao redor do recinto para observar os pássaros, incluindo Terri Blessman, uma turista de 69 anos de Canton, Illinois, sendo empurrada em uma cadeira de rodas por sua amiga Lou Ann Delost, ao saber da idade de Lambert e dos cuidados que ele recebe, Blessman expressou um sentimento de conexão. "É maravilhoso", disse Blessman. "Todos nós, idosos, precisamos de cuidados extras à medida que envelhecemos."