A escalada transforma o conflito em guerra

Teerã. Israel e Irã lançaram novos ataques no domingo, 15 de junho, matando e ferindo civis e levantando preocupações sobre um conflito regional mais amplo. Ambos os exércitos instaram os civis do outro lado a tomarem precauções contra novos ataques.
Israel lançou novos ataques contra alvos militares pela quarta noite consecutiva na manhã de segunda-feira após bombardear a capital, a cidade sagrada de Mashhad (nordeste).
O Irã, por sua vez, respondeu com novos lançamentos de mísseis, de acordo com o exército israelense, que garantiu que seu sistema de defesa estava funcionando para repelir a ameaça.
No Irã, ataques israelenses deixaram 224 mortos desde sexta-feira e mais de 1.000 feridos, informou o Ministério da Saúde no domingo.
Do lado israelense, 13 pessoas morreram e 380 ficaram feridas após a ofensiva iraniana, de acordo com a polícia e os serviços de emergência.
Enquanto isso, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos disse que uma mulher morreu no oeste da Síria depois que um drone, provavelmente iraniano, caiu.
"O Irã pagará um preço muito alto pelo assassinato de civis, mulheres e crianças", disse o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de uma sacada com vista para apartamentos bombardeados que mataram seis pessoas em Bat Yam, uma cidade ao sul de Tel Aviv.
Nesta cidade, moradores chocados se reuniram para avaliar os danos, enquanto muitos israelenses se preparavam para mais uma noite sem dormir, sem saber o que poderia acontecer em seguida.
"É terrível (...) As pessoas estão perdendo suas vidas e suas casas", disse Shem, 29, cuja casa foi sacudida durante a noite quando um míssil atingiu um prédio de apartamentos próximo.
Recomendação do Irã
Os militares iranianos pediram aos moradores israelenses que deixassem as proximidades de "áreas vitais" para sua segurança.
"Não fiquem nem viajem perto dessas áreas vitais", disse um porta-voz militar iraniano em um vídeo transmitido pela televisão estatal na época em que o Irã disparou uma nova saraivada de mísseis contra Israel.
No quarto dia de sua ofensiva, Israel disse na manhã de segunda-feira que estava atacando locais de mísseis terra-terra no centro do Irã.
"Estamos agindo contra essa ameaça do nosso espaço aéreo e do espaço aéreo iraniano", disse o tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz do exército, na rede social X.
Horas depois, o exército israelense identificou mísseis lançados do Irã em seu território, e jornalistas da AFP em Jerusalém relataram ter ouvido explosões na cidade.
Os militares também anunciaram a destruição de um avião de reabastecimento iraniano no Aeroporto de Mashhad, bem como alvos em Teerã, incluindo a chamada Organização de Pesquisa e Inovação Defensiva, considerada o coração do projeto de armas nucleares do Irã.
Em Teerã, a televisão estatal relatou a morte de pelo menos cinco pessoas em um prédio residencial.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã acusou Israel de atacar deliberadamente um de seus edifícios, deixando várias pessoas feridas.
Israel “não será habitável”
O conflito começou na sexta-feira, quando o exército israelense lançou um ataque sem precedentes ao Irã com o objetivo declarado de impedi-lo de adquirir armas nucleares.
Após décadas de guerra por procuração e operações direcionadas, esta é a primeira vez que os dois países se envolvem em um confronto militar tão intenso.
O lançamento do míssil foi acompanhado de duras ameaças de ambos os lados.
Um alto oficial militar iraniano, o Coronel Reza Sayyad, porta-voz das forças armadas, prometeu uma resposta "devastadora" e alertou que Israel logo se tornaria "inabitável".
A enorme campanha aérea de Israel contra o Irã matou altos funcionários do regime iraniano, incluindo o chefe da Guarda Revolucionária e o chefe do Estado-Maior do Exército, bem como nove cientistas nucleares.
O chefe de inteligência da Guarda Revolucionária foi morto no domingo junto com outros dois oficiais em um atentado a bomba, de acordo com a agência de notícias oficial IRNA.
Alvo: Natanz
Israel acusa o Irã de tentar adquirir armas nucleares, algo que Teerã nega, enquanto defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.
"Se a agressão parar, nossa resposta irá parar", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, acusando Israel de tentar "atrapalhar" as negociações nucleares com os Estados Unidos, que começaram em abril.
O Irã informou ontem aos mediadores do Catar e de Omã que não está aberto a negociar um cessar-fogo enquanto estiver sob ataque israelense, disse à Reuters, no domingo, uma autoridade familiarizada com as negociações.
Os ataques de Israel tiveram como alvo, entre outros, o centro de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, cuja superfície foi destruída, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
De acordo com Netanyahu, em uma entrevista à Fox News no domingo, os militares israelenses destruíram "a principal instalação em Natanz, a principal usina de enriquecimento de urânio" do país.
Não é uma operação, é uma guerra.
Eleconomista