As mudanças propostas por diversos setores empresariais para o debate final da reforma trabalhista

Em meio aos avanços na discussão do projeto de reforma trabalhista na Assembleia Legislativa nesta semana, alguns setores empresariais seguem otimistas com a possibilidade de que os pontos mais polêmicos desses debates, como os relacionados à mudança da jornada de trabalho diurna e à remuneração de domingos e feriados, possam ser pactuados, levando em conta seu potencial impacto no emprego, na informalidade e na economia em geral.
Para isso, ainda há o debate final, que deve ser realizado pelo plenário do Senado, e depois a conciliação, se aprovada, que deve ser concluída até 20 de junho; Caso contrário, a proposta seria rejeitada.
Desde que o projeto de reforma trabalhista foi retomado, o empresariado do país tem se mostrado disposto a chegar a um acordo sobre essas questões, apresentando diversas propostas. Eles esperam retomar a análise nesta etapa final do debate legislativo, já que a proteção das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que compõem a maior força de trabalho do país, também está em jogo.
Bruce MacMaster, presidente da Andi, expressou repetidamente sua disposição de discutir e chegar a acordos sobre essas questões delicadas para promover a reforma trabalhista.
Ele disse que os líderes empresariais estão dispostos a fazer concessões quanto ao adicional noturno e ao pagamento de domingos e feriados, apesar do impacto significativo que isso representa para as empresas, em meio a uma situação em que a economia não está crescendo no ritmo desejado.
Alguns setores do setor produtivo estão preocupados que as mudanças esperadas não tenham acontecido. No terceiro debate, foi aprovado que o plantão noturno para todos os trabalhadores, sem exceção, terá início às 19h. A possibilidade de que, enquanto a sobretaxa de domingo aumentaria de 75 para 100 por cento, a sobretaxa de feriado permaneceria em 75 por cento não foi aceita. Ambos serão pagos integralmente.
Diante desse cenário, empresários, principalmente aqueles que empregam grande parte de sua força de trabalho para a realização de atividades em turnos noturnos, domingos e feriados, como os setores de entretenimento, hospedagem, segurança privada e gastronomia, voltaram a insistir em sua disposição de se adaptar a essas novas realidades, para o que propuseram que as mudanças sejam feitas de forma gradual.
Jaime Alberto López, presidente da Associação Colombiana da Indústria Gastronômica (Acodres), disse ao EL TIEMPO que entende que a dinâmica da economia os obrigará, mais cedo ou mais tarde, a fazer ajustes em suas operações, daí a necessidade de que este seja um processo gradual.
Este setor está preocupado com o que foi aprovado até agora devido aos milhares de empregos em jogo, bem como à informalidade a que muitas empresas seriam forçadas, já que suas estruturas de custos não funcionarão mais sob essas novas regras.

Restaurantes e gastropubs são estabelecimentos que têm horários estendidos à noite. Foto: Fornecida
“Estamos convencidos de que esta não é a forma de formalizar o emprego num setor onde três quartos da população ocupada se encontra nessa situação; pode inclusive levar várias empresas a recuarem nos processos de formalização que vêm realizando há anos; essa é uma das nossas maiores preocupações”, afirmou o dirigente.
Os restaurantes fazem parte do setor comercial, que também inclui hospedagem, transporte, logística e armazenagem. Segundo o DANE, eles geram 41% do emprego total no país — cerca de 9,7 milhões de empregos, até abril, se incluirmos as atividades de entretenimento.
Por isso, a Fenalco, sindicato dos comerciantes, tem insistido que a reforma proteja esse segmento da população trabalhadora, da qual 36% são jovens e 42,3% são mulheres.
Para Jaime Alberto Cabal, porta-voz dos comerciantes, eles também manifestaram a disposição de apoiar a iniciativa, desde que inclua ajustes estruturais.
No entanto, ele diz: "O projeto de lei ainda não reconhece as características específicas do comércio, um setor que prospera quando outros setores estão paralisados", e observou que a iniciativa não contém artigos que promovam a criação de empregos para os mais de 2,3 milhões de desempregados e os 57% dos empregados no setor informal.

Os restaurantes fazem parte do cluster comercial. Foto: MinCit
Camilo Ospina, presidente da Asobares, pede ao plenário do Senado — onde ocorrerá o debate final — a inclusão de um regime especial e excepcional de adicional noturno para determinadas atividades como bares, casas noturnas, gastropubs e hotéis no país.
Proteja Mipynes Do setor sindical, Diógenes Orjuela, ex-secretário-geral da Confederação Única dos Trabalhadores (CUT), insiste na necessidade de proteger as MPMEs, que estão entre as principais fontes de geração de empregos no país.
"Qualquer reforma deve incluir proteção estatal por meio de subsídios às MPMEs para que elas possam pagar os direitos trabalhistas de forma justa", sustentou, mencionando que a atual política estatal contra as empresas colombianas pode prejudicar as MPMEs, uma questão que não está resolvida no projeto de lei trabalhista e deve ser tratada pelo Congresso.
Este relatório tem muitos elementos com os quais discordamos; devemos nos basear no que já foi acordado, com alguns ajustes. Por exemplo, pensar em um bônus entre 20 e 40 por cento do salário mínimo para o crescimento da empresa é algo que foge da realidade.
"É necessário um acordo político entre o governo e o Congresso para permitir o acordo sobre medidas tributárias e de proteção que impeçam o aumento da informalidade e do desemprego decorrentes da reforma trabalhista", disse ele.
A progressividade é fundamental Mas o que as PMEs pensam sobre o andamento deste projeto? Rosmery Quintero, presidente do Observatório MPME, afirma que o legislativo não pode ignorar que este é um setor em que muitas empresas ainda operam informalmente e geram empregos informais, portanto, quanto mais simples forem as regulamentações, mais fácil será cumpri-las.
"Insistimos que a progressividade é fundamental para o adicional de domingo e feriados, com a extensão do turno diurno até as 19h, sem qualquer tipo de diferenciação. Esta proposta tem muitos pontos com os quais discordamos; devemos basear nosso trabalho no que já foi acordado, com alguns ajustes. Por exemplo, considerar um bônus entre 20% e 40% do salário mínimo para o crescimento da empresa é irrealista ", comentou o executivo.
Ele também disse que, embora compartilhem a ideia de que deve haver oportunidades de emprego para pessoas com deficiência e que aqueles que cuidam delas devem ter horários flexíveis, eles não concordam que devam ser forçados a contratar pessoal nessas condições. A tarefa pendente diante de uma proposta como essa é rever a questão da estabilidade do emprego.
eltiempo