Reforma judicial provoca fuga em massa de pessoal qualificado

Uma consequência direta e alarmante da Reforma do Judiciário está se materializando: uma onda sem precedentes de demissões e aposentadorias antecipadas está drenando o judiciário de profissionais experientes. Especialistas alertam que isso abre caminho para a politização e a corrupção.
A polêmica Reforma Judiciária, que estabelece a eleição de juízes, magistrados e desembargadores por voto popular, desencadeou uma crise interna que ameaça desmantelar a estrutura do judiciário no México. Dados oficiais revelam um êxodo em massa de profissionais qualificados, que estão optando pela aposentadoria antecipada ou pedindo demissão antes da implementação do novo sistema.
Somente nos primeiros cinco meses de 2025, o Instituto de Previdência e Serviços dos Servidores do Estado (ISSSTE) registrou 436 aposentadorias de servidores do Judiciário. Esse número já supera o total de 433 para todo o ano de 2024, e é três vezes maior que o registrado em 2018. Esse fenômeno não é uma coincidência; é uma reação direta a uma reforma que, segundo os próprios servidores, destruiu a carreira judiciária baseada no mérito.
Sugestão: Um gráfico comparativo mostrando o aumento exponencial de aposentadorias no Judiciário entre 2018 e 2025.
Este êxodo não se trata apenas de números, mas da perda de um capital humano inestimável. Os que partem são juízes, magistrados e técnicos com anos de experiência, conhecimento especializado e memória institucional. Arturo Espinosa Silis, diretor do Laboratório Eleitoral, descreve a situação como o fim de uma era em que as carreiras eram construídas com base no trabalho árduo, na preparação acadêmica e em concursos públicos.
A reforma, ao priorizar o voto popular em detrimento da especialização, enviou uma mensagem clara: experiência e mérito não são mais o caminho para o avanço. Isso desmoralizou uma geração de juristas que agora veem seu futuro profissional encurtado. O resultado é uma "fuga de cérebros" que deixará um vazio difícil de preencher, com consequências diretas para a qualidade e a eficiência da administração da justiça.
O êxodo em massa de profissionais experientes cria um problema ainda maior: quem preencherá essas vagas? Em janeiro de 2025, o Conselho Federal de Justiça já havia registrado 329 vagas em tribunais, o dobro do número registrado em outubro de 2024.
"Muitos não estarão dispostos a ter chefes sem experiência ou conhecimento... Há o risco de que a alocação de cargos importantes seja usada como favores políticos." – Arturo Espinosa Silis, diretor do Laboratório Eleitoral.
O receio, corroborado por especialistas, é que esses cargos-chave sejam preenchidos por pessoas sem experiência judicial, escolhidas por sua lealdade política e não por sua capacidade técnica. Um relatório da Universidade Iberoamericana revelou que quase 60% dos candidatos nas últimas eleições judiciais não tinham experiência judicial.
Este cenário vincula diretamente uma reforma política abstrata a um risco tangível para o cidadão comum. Um sistema de justiça operado por pessoal inexperiente ou com lealdade política está exposto a:
* Ritmo mais lento: novos funcionários precisarão de uma longa curva de aprendizado.
* Erros judiciais: A falta de conhecimento técnico pode levar a julgamentos infundados.
* Corrupção e nepotismo: A atribuição de cargos como "pagamento de favores" incentiva más práticas.
Em última análise, a reforma que prometia democratizar o sistema de justiça pode resultar em um sistema mais lento, mais politizado e menos confiável, afetando todos os mexicanos que buscam uma resolução justa e legal para seus problemas legais.
La Verdad Yucatán