MotoGP: Somkiat Chantra, o inesperado companheiro de equipe tailandês de Johann Zarco
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O primeiro tailandês na história da disciplina faz sua estreia na categoria principal neste fim de semana, aos 26 anos.
Para "seu" Grande Prêmio da Tailândia, o primeiro dos 22 GPs da temporada, Somkiat Chantra (Honda-LCR), o garoto local, "não consegue imaginar" a pressão que terá diante de uma multidão conquistada para sua causa no domingo, quando as luzes se apagarem. "É como um sonho que se tornou realidade", garante o piloto, reconhecível pelos cabelos loiros oxigenados, que sempre exibiu um grande sorriso durante suas aparições diante da imprensa nas últimas semanas.
O campeão de Pattaya, apelidado de "Kong" em seu país, está prestes a escrever uma página na história esportiva da Tailândia ao se tornar o primeiro a correr na principal categoria de velocidade de motocicleta. É raro que um representante do Sudeste Asiático alcance esse nível: antes dele, apenas o malaio Hafizh Syahrin conseguiu esse feito, em 2018 e 2019. Uma anomalia, já que esta região do mundo, motor da indústria de manufatura com centenas de milhões de habitantes, representa "um dos principais mercados" para a promotora do MotoGP, a Dorna Sports, segundo seu diretor Carmelo Ezpeleta.
Na Tailândia, a paixão por veículos de duas rodas é vivenciada diariamente: milhões de moradores locais elogiam seu aspecto econômico em comparação ao carro e sua mobilidade, que lhes permite contornar condições de trânsito às vezes caóticas. O reino também abriga muitas fábricas de fabricantes como Honda, Yamaha e Ducati, todas presentes no grid, que produzem centenas de milhares de unidades a cada ano para exportação.
Para chegar à elite da velocidade nas motocicletas, Chantra seguiu o caminho traçado pela Honda, onde ingressou no programa de treinamento reservado para jovens talentos asiáticos aos nove anos de idade. Protegido pela fabricante japonesa, acostumada a promover seus campeões locais, ele estava entre os candidatos lógicos para substituir o japonês Takaaki Nakagami, que foi afastado neste inverno após sete anos sem pódio. Mas o tailandês continua sendo um enigma para o resto do paddock: ele tem apenas duas vitórias em seis anos de Moto2, e ainda lutava no ponto fraco da antecâmara da MotoGP na temporada passada, que terminou em 12º lugar, longe do campeão mundial japonês Ai Ogura (Aprilia-Trackhouse) e do espanhol Fermin Aldeguer (Ducati-Gresini), os outros dois estreantes de 2025.
Eu o descobri, ele é realmente interessante, é um cara que você pode sentir que é muito ansioso.
João Zarco
Novatos de 26 anos são raros na MotoGP, onde as equipes preferem lançar pilotos mais jovens com desempenhos fortes nas categorias inferiores. Johann Zarco teve um bom começo em 2017, aos 26 anos, mas o francês havia vencido campeonatos mundiais consecutivos de Moto2 antes de dar o grande salto. “Gosto desse tipo de dupla. O piloto experiente pode trazer confiança e entregar resultados, e o novato está lá para se preparar para o futuro. "É um bom equilíbrio", explica Lucio Cecchinello, chefe da Honda-LCR.
"Estou descobrindo-o, ele é realmente interessante, é um cara que você sente que realmente o quer", explicou à AFP Johann Zarco, que aos 34 anos é o mais velho no grid nesta temporada. "Fico muito feliz quando consigo dar alguns conselhos e vejo que ele consegue aplicá-los tão rápido", continua. Os testes de pré-temporada revelaram o progresso que a Chantra precisa fazer para se adaptar à MotoGP, onde as características das máquinas (motor, pneus, freios, etc.) diferem da Moto2 em grandes proporções. Ele estava entre os últimos nos testes da Malásia e da Tailândia, mas depois de uma última volta em Buriram em meados de fevereiro, ele diz que se sente "99%" confortável em sua Honda.
lefigaro