Acordo UE/EUA: Classe política denuncia-o unanimemente, oposição ataca o partido de Macron

Emmanuel Macron, que assumiu uma linha firme contra os Estados Unidos nos últimos meses, ainda não havia reagido no início da noite de segunda-feira, mas seu primeiro-ministro François Bayrou lamentou que este fosse "um dia sombrio" para a Europa, uma "aliança de povos livres, reunidos para afirmar seus valores e defender seus interesses", que "resolve a submissão".
As críticas foram ferozes, mesmo dentro do campo presidencial, onde alguns lamentaram uma "admissão de fraqueza".
"Esta é uma derrota para a Comissão Europeia, que não conseguiu estabelecer um equilíbrio de poder e defender adequadamente os interesses europeus", reagiu Pieyre-Alexandre Anglade, parlamentar macronista e presidente da Comissão de Assuntos Europeus da Assembleia Nacional.
Roland Lescure, vice-presidente da Assembleia Nacional e deputado pelo partido Renascentista Francês da América do Norte, ecoou o mesmo sentimento, lamentando "a admissão de uma fraqueza histórica que representa uma ameaça vital para muitos dos nossos negócios. Perdemos a guerra comercial antes mesmo de ousarmos travá-la".
"Essa fraqueza (...) resulta de escolhas ruins que não garantem nem a soberania nem a prosperidade do continente", disse Michel Barnier, ex-primeiro-ministro da LR e negociador do Brexit.
O ministro do Interior e líder da LR, Bruno Retailleau, considerou este acordo uma "notícia muito ruim para a Europa". "É o sintoma de um problema: a sua fragilidade e a sua dependência doentia dos Estados Unidos."
"Isto não é um acordo, é extorsão! (...) A França não pode tolerar isto", declarou Laurent Wauquiez, líder dos deputados da LR.
Jogo duploDonald Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chegaram a um acordo alfandegário na Escócia no domingo, estipulando que os produtos europeus exportados para os Estados Unidos estarão sujeitos a uma tarifa de 15%. Os europeus esperam que isso evite uma escalada comercial.
A UE está se comprometendo a comprar US$ 750 bilhões em energia, visando principalmente substituir o gás russo, e a investir mais US$ 600 bilhões nos Estados Unidos.
A oposição, por sua vez, não apenas denunciou o acordo como atacou o executivo por sua suposta inação.
"Há tuítes que soam como admissões de impotência. Um primeiro-ministro francês não se limita a reclamar" nas redes sociais, criticou Olivier Faure, primeiro-secretário do Partido Socialista. "Ele toma posições, defende nossos interesses e organiza um confronto com Ursula von der Leyen dentro da União Europeia."
"A França deve rejeitar essa capitulação em vez de se comportar como um bando de comentaristas sem influência", acrescentou Manuel Bompard, coordenador de La France Insoumise.
A extrema direita se juntou à esquerda no coro de críticas.
"Ursula von der Leyen aceitou ontem a rendição comercial da Europa, em detrimento dos nossos exportadores, agricultores e fabricantes", denunciou Jordan Bardella, presidente do Rally Nacional. No dia anterior, Marine Le Pen havia descrito a rendição como "um fiasco político, econômico e moral".
Alguns apontaram o jogo duplo do RN, que lamenta o acordo apesar de suas afinidades com o presidente americano.
"Os aliados de Marine Le Pen foram ao congresso do Partido Republicano (americano, nota do editor) para apoiar Donald Trump (...) Madame Le Pen, Monsieur Bardella" tomaram "Trump como modelo", criticou duramente o ex-ministro macronista Clément Beaune, agora chefe do Alto Comissariado para o Planejamento.
"Mensagem pessoal para Macronie: o tolo não é aquele que propõe um acordo incrivelmente desequilibrado para seu próprio benefício, mas aquele que o aceita em seu total detrimento!", retrucou Marine Le Pen na segunda-feira.
Var-Matin