Marc Voinchet, não clássico

Nós o encontramos no início de julho em seu bairro de Les Halles, em Paris, no terraço do bistrô italiano La Bocca, sua sede. Antes de sua tradicional turnê de festivais de verão, Marc Voinchet acaba de encerrar sua décima temporada como diretor da France Musique. Dez anos não é pouca coisa — daí o perfil. Mas, desde o início, ele nos avisa: o exercício tem um significado especial para ele. "Perdi meu parceiro há pouco tempo. Ele sempre dizia que queria me ver naquela última edição do Libération, um dia ou outro."
E para começar: François Carles-Gibergues. No verão de 2024, uma dor nas costas levanta suspeitas terríveis — o câncer já havia sido tratado alguns meses antes. Exame em 2 de setembro: novo câncer. Pulmão esquerdo, pleura, osso ilíaco. "François pergunta há quanto tempo ele tem. Nesses casos, você entende a gravidade da coisa pela falta de resposta do médico." Ele é hospitalizado. As más notícias continuam chegando. No dia 20, uma tomografia revela que as metástases estão atacando o pulmão direito. O médico tem a expressão de um homem derrotado. "Não sei o que dizer, então me faço de bobo, é a minha especialidade. Digo a François: 'Você já fodeu com o câncer uma vez, vai foder o segundo .'"
François, por sua vez, já entendeu. Ele é colocado sob sedação profunda. Seu cérebro não é afetado, nem sua audição. E se ele não entende tudo, consegue captar um tom, uma entonação. Então, Marc Voinchet fala com ele. Ao ar livre, apenas para ouvintes.
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