Taxas de pobreza e desigualdade atingem níveis recordes


As desigualdades aumentaram nos últimos 30 anos entre os mais ricos e os mais pobres.
Sem precedentes em pelo menos trinta anos: a taxa de pobreza atingiu um recorde histórico em 2023 na França metropolitana, onde a desigualdade está aumentando, segundo o INSEE. Esses números estão longe de ser "surpreendentes" para as associações, que pressionam o governo a tomar medidas.
Entre 2022 e 2023, a taxa de pobreza aumentou 0,9 ponto percentual, de 14,4% para 15,4%, informou o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos em seu estudo anual publicado na segunda-feira. Esta é a taxa mais alta desde o lançamento do indicador INSEE em 1996.
"A desigualdade está atingindo seus níveis mais altos em 30 anos."
Concretamente, 9,8 milhões de pessoas encontravam-se em situação de pobreza monetária em 2023, ou seja, tinham rendimentos mensais abaixo da linha de pobreza, fixada em 60% do rendimento mediano, ou 1.288 euros para uma pessoa. Num ano, 650 mil pessoas caíram na pobreza. "Este é um nível não visto há quase 30 anos", observa Michel Duée, chefe do Departamento de Recursos e Condições de Vida das Famílias do INSEE. "Se quisermos recuar ainda mais, temos de voltar ao início da década de 1970 para encontrar níveis de pobreza aproximadamente comparáveis."
"Esse aumento é explicado pela cessação de auxílios excepcionais, em particular o subsídio de inflação e o bônus excepcional de volta às aulas, que haviam sido implementados em 2022 para apoiar o poder de compra", acrescenta. "O outro elemento explicativo é o aumento, entre os autônomos, da proporção de microempreendedores com baixa renda." As desigualdades no padrão de vida também aumentaram "fortemente" em 2023, consequência da queda no padrão de vida dos mais pobres concomitantemente à elevação do padrão de vida dos mais ricos.
"A desigualdade está atingindo alguns dos níveis mais altos em 30 anos", observa Michel Duée. "O padrão de vida dos mais pobres aumentou menos rapidamente do que a inflação, enquanto o padrão de vida dos mais ricos tem se mantido dinâmico, principalmente graças à boa situação do mercado de trabalho e ao desempenho dos produtos financeiros."
O perfil da população pobre permanece praticamente inalterado, com forte representação de famílias monoparentais – cuja taxa de pobreza aumentou 2,9 pontos – e de desempregados, com alta de 0,8 ponto. Outra constatação do estudo do INSEE é um aumento menos acentuado da pobreza entre aposentados (11,1%, +0,3 ponto em comparação com +0,9 ponto para a população como um todo), principalmente devido ao aumento da contribuição mínima prevista como parte da reforma da previdência.
"Os cortes de energia elétrica e gás por falta de pagamento estão aumentando exponencialmente, o número de pessoas que relatam frio em casa quase dobrou e estamos presenciando um aumento acentuado nos despejos de imóveis alugados", enfatiza Manuel Domergue, diretor de estudos da Fundação. "Estamos observando uma tendência muito preocupante na ação política, ou melhor, na inação política", acrescenta. "O tempo de medidas pontuais acabou; precisamos de medidas estruturais."
O estudo anual sobre pobreza do INSEE não inclui residentes de departamentos ultramarinos, pessoas em situação de rua ou pessoas que vivem em instituições. A última pesquisa realizada com toda a população francesa estimou o número de pessoas vivendo na pobreza em 11,2 milhões em 2021.
(o/rk)
20 Minutes