Trump acena com tarifas: AstraZeneca migra para os EUA


A AstraZeneca anunciou na terça-feira uma nova fábrica na Virgínia que será "o maior investimento global da AstraZeneca na fabricação de medicamentos".
Diante da ameaça de Donald Trump de impor tarifas ao setor farmacêutico, a gigante britânica AstraZeneca anunciou que investirá US$ 50 bilhões nos Estados Unidos até 2030 para fabricar medicamentos e financiar seus programas de pesquisa.
Este investimento "reforça nossa confiança na inovação americana (...) e nosso compromisso com os milhões de pacientes que precisam de nossos medicamentos nos Estados Unidos e em todo o mundo", disse Pascal Soriot, CEO da AstraZeneca, em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira. "É uma honra", disse o presidente Donald Trump. "US$ 50 bilhões é um investimento significativo. (...) Então, obrigado, AstraZeneca", acrescentou.
O presidente dos EUA afirmou no início de julho que estava considerando uma sobretaxa de 200% sobre produtos farmacêuticos. Ele especificou que esperaria pelo menos um ano para implementá-la, para dar tempo às empresas de construir fábricas em solo americano.
O laboratório britânico, que anunciou em abril que começaria a transferir parte de sua produção europeia para os Estados Unidos, não é o primeiro a alinhar um investimento maciço no país, o maior mercado farmacêutico do mundo, para mostrar suas credenciais. Na primavera, grupos como Roche, Novartis e Sanofi anunciaram mais de US$ 200 bilhões em investimentos cumulativos adicionais nos Estados Unidos.
A AstraZeneca anunciou na terça-feira uma nova fábrica na Virgínia que será "o maior investimento global da AstraZeneca na fabricação de medicamentos". No geral, a empresa estima que criará dezenas de milhares de novos empregos diretos e indiretos no país, seu maior mercado, onde opera 19 unidades e já emprega mais de 18.000 pessoas.
O anúncio de terça-feira se soma aos US$ 3,5 bilhões em investimentos no país anunciados no ano passado. Essas quantias "contribuirão para a ambição da AstraZeneca de atingir US$ 80 bilhões em receita até 2030", 50% dos quais serão gerados nos Estados Unidos, segundo a empresa. Mas esses bilhões de dólares investidos correm o risco de causar surpresa no Reino Unido, onde o grupo está sediado e onde o anúncio em janeiro de que estava abandonando um projeto de fábrica de vacinas de £ 450 milhões, culpando a falta de apoio governamental, foi visto como um golpe.
Mas, à medida que a AstraZeneca fortalece sua presença do outro lado do Atlântico, "os investidores provavelmente a pressionarão para transferir sua listagem primária para os Estados Unidos", acrescenta o analista. Essa possibilidade já foi considerada por seu presidente, informou o The Times no início de julho. Uma saída da bolsa de valores seria um choque para o centro financeiro britânico, que busca reavivar sua atratividade desde o Brexit, especialmente porque o grupo é uma das empresas com maior capitalização de mercado no FTSE 100, o principal índice da Bolsa de Valores de Londres.
A AstraZeneca, que relatou um aumento de 34% no lucro líquido para US$ 2,92 bilhões no primeiro trimestre, gerou mais de 40% de sua receita nos Estados Unidos durante esse período.
(o/rk)
20 Minutes