Trump anuncia novas tarifas para 1º de agosto

Muitos governos estão negociando acordos comerciais com os Estados Unidos na quinta-feira, poucas horas antes do prazo final de 1º de agosto estabelecido por Donald Trump, que impôs novas tarifas com o objetivo de punir ou favorecer seus principais parceiros comerciais.

O governo Trump está usando tarifas como meio de pressão econômica e política contra vários parceiros comerciais, incluindo Canadá, Brasil e Índia.

A Coreia do Sul , importante aliada de Washington em questões de segurança, aderiu à ideia no último minuto, garantindo um acordo sobre uma tarifa de 15% sobre suas exportações para os Estados Unidos, significativamente menor do que os 25% que Trump havia ameaçado impor anteriormente. Essa alíquota é equivalente aos impostos estabelecidos em acordos comerciais firmados pelos Estados Unidos com o Japão e a União Europeia . A presidência sul-coreana afirmou que as tarifas sobre automóveis, uma das principais exportações de Seul, também permaneceriam em 15%.

Taiwan, ameaçado com um imposto de 32% e possíveis novos impostos alfandegários sobre semicondutores, o pilar da economia da ilha, indicou na quinta-feira que havia alcançado "um certo consenso" com os Estados Unidos, sem fornecer detalhes sobre a taxa acordada.

A partir de 1º de agosto, uma série de sobretaxas serão aplicadas à maioria dos parceiros comerciais dos Estados Unidos, incluindo algumas muito pesadas, específicas para cada setor, como a de 50% planejada para o cobre. E desta vez, após duas pausas, não haverá mais adiamentos. "Tudo será feito na sexta-feira", garantiu o Secretário de Comércio, Howard Lutnick. "1º de agosto é o dia em que implementaremos essas taxas, e elas não serão mais discutidas depois disso." Para aproximadamente 80 países, incluindo os 27 membros da União Europeia (UE), espera-se, portanto, que as taxas alfandegárias aplicadas aos seus produtos aumentem a partir de sexta-feira, para entre 11% e 50%, dependendo da origem dos produtos.

A UE, o Japão, o Reino Unido, o Vietnã, a Indonésia e as Filipinas já firmaram acordos com a Casa Branca, resultando em sobretaxas menores do que as inicialmente anunciadas. Mas a maioria desses acordos, na verdade, diz respeito a estruturas de negociação, e não a textos formais assinados, com a Casa Branca deliberadamente se mantendo vaga para destacar seus sucessos.

Os produtos europeus deverão ser taxados em 15%, em comparação com os 20% planejados pelo governo americano no início de abril, após terem sido ameaçados com 30%. O Brasil deverá ser o mais atingido, com uma sobretaxa de 50% em retaliação ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe após sua derrota nas eleições presidenciais de 2022, uma "caça às bruxas", segundo seu aliado Donald Trump. O inquilino da Casa Branca assinou um decreto executivo nesse sentido na quarta-feira, com vigência a partir de 6 de agosto. Os produtos indianos estarão sujeitos a taxas alfandegárias de 25% na chegada aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto, mas uma "penalidade" será adicionada para a compra de petróleo russo pela Índia, segundo o presidente americano. Este último afirmou na quinta-feira que a decisão do Canadá, em setembro, de reconhecer a Palestina como um Estado tornaria qualquer acordo comercial futuro "muito difícil". As negociações, suspensas em junho após Ottawa introduzir um imposto sobre serviços digitais, ocorreram em um clima diplomático tenso, alimentado em particular por seus comentários provocativos sobre o Canadá como um potencial "51º estado americano" .

O impacto das tarifas continua a preocupar os economistas, que as veem pesando não apenas sobre a inflação, que pode subir novamente para 3%, mas também sobre o crescimento dos EUA, que deve ficar abaixo de 1% no segundo semestre do ano. Isso é suficiente para encorajar o Federal Reserve (Fed) a ser cauteloso, para desgosto de Donald Trump. Na quarta-feira, o banco central dos EUA manteve suas taxas inalteradas, e seu presidente, Jerome Powell, pareceu adiar ainda mais a possibilidade de um futuro corte.