Este político hasteia a bandeira colombiana em Santa Rosa, uma ilha disputada no Peru

Por quase 24 horas, todos se perguntaram quem havia tomado a iniciativa de fincar uma bandeira colombiana na ilha de Santa Rosa, correndo o risco de inflamar ainda mais os ânimos em relação a esse pedaço de terra no meio do Rio Amazonas, reivindicado por Bogotá e Lima.

O mistério foi finalmente resolvido na terça-feira, 12 de agosto, quando o político Daniel Quintero publicou um vídeo no X no qual pode ser visto hasteando a bandeira tricolor sobre o território em disputa. "Não podemos chorar como crianças o que não conseguimos defender como homens. [...] Esta é a minha bandeira e eu a hasteio aqui para declarar que este é território colombiano", proclama ele no vídeo citado pela revista colombiana Cambio .

Ex-prefeito de Medellín (2020-2023) e protegido do presidente colombiano Gustavo Petro, Quintero é um ambicioso tecnocrata de 45 anos que espera representar a esquerda nas eleições presidenciais de 2026, apesar das acusações de corrupção que pesam sobre ele desde que governou Medellín, lembra o jornal peruano El Comercio.

Foi como parte de sua campanha que ele decidiu realizar essa manobra midiática, "correndo o risco de gerar polêmica desnecessária e agravar o conflito diplomático com o Peru", alerta o jornal peruano La Republica em um vídeo . Por sua vez, o jornal argentino Infobae publicou outro vídeo mostrando as consequências da ação de Quintero: uma perseguição de barco por barqueiros peruanos, chamando-o de "ignorante". O site também observa que um parlamentar da oposição colombiana solicitou que ele fosse declarado persona non grata em Letícia, a cidade colombiana mais próxima da ilha.

Por muito tempo ignorada pelo grande público, a polêmica sobre a Ilha de Santa Rosa – chamada de Ilha Chineria pelo Peru – voltou à tona em 7 de agosto, quando Gustavo Petro escolheu a ocasião de uma celebração nacional para criticar a “ocupação peruana” deste pedaço de terra – originalmente um simples banco de areia, habitado desde a década de 1970 por menos de 3.000 peruanos.

A acusação ocorre em um momento em que Colômbia e Peru estão em desacordo e ambos estão prestes a entrar em ano eleitoral, com o governo de esquerda de Gustavo Petro e o governo de direita de Dina Boluarte colocando seus mandatos em jogo em 2026.

Vários outros incidentes ocorreram esta semana perto da ilha. O Peru alega que um caça colombiano entrou em seu espaço aéreo sem autorização em 7 de agosto, policiais colombianos foram repelidos em 9 de agosto pela Marinha peruana – sem incidentes – e Gustavo Petro denunciou em 13 de agosto a prisão de dois trabalhadores colombianos que realizavam medições na ilha de Santa Rosa, noticia o El País America .

Por enquanto, os dois países – que travaram uma breve guerra entre 1932 e 1933 – clamam por uma resolução diplomática para o conflito. O espírito do tratado de paz assinado em 1933 era "que a Colômbia tivesse acesso ao Rio Amazonas", lembra o El País América, o que parece ser a verdadeira questão nesta disputa, já que o surgimento da ilhota bloqueia o acesso à água para a cidade colombiana de Letícia, localizada do outro lado do rio.