Cisjordânia, aquele labirinto de arame farpado

Sanad caminha em direção a Sinjil, mas logo não consegue mais fazê-lo. Israel está terminando a cerca que isolará sua casa do resto da cidade.
"Ficarei completamente isolado", disse ele ao correspondente da Rainews24, Riccardo Cavaliere: "Isso, com a presença constante do exército, está transformando minha casa em uma prisão. Com muros de arame farpado de 4 metros de altura e 1,5 quilômetro de comprimento que circundam o perímetro da vila."
Uma prisão a céu aberto, diz o prefeito de Sinjil: “Observe as linhas no mapa, elas dividem a área em três partes. Desde o início da guerra em Gaza, o exército israelense reduziu a liberdade de movimento. A nova barreira separa Sinjil das áreas agrícolas, impedindo os moradores de chegarem aos seus olivais, que são uma fonte fundamental de sustento.”
Nas colinas ao redor, quatro assentamentos e uma base militar israelense. Os militares israelenses justificam a construção da barreira por questões de segurança. Respondendo à nossa pergunta online, ele fala sobre incidentes terroristas recorrentes e a necessidade de evitar o lançamento de pedras como os que ocorreram no passado e garantir a segurança dos civis. A Agência de Segurança de Israel fala de um aumento de ataques na Cisjordânia em 2024.
As autoridades do estado judeu querem isolar a vila de outras comunidades palestinas. Mas depois de 7 de outubro, ele diz, o plano ficou claro. Com a anexação dos territórios palestinos na Cisjordânia, a presença do exército se intensificou. A entrada principal da Rota 60 foi fechada com um portão de ferro.
Ele fica aberto por um dia e fechado por um mês, a critério dos militares. Esta cerca já isolou 47 casas na vila. A casa de Sanat também corre o risco de ser isolada por essa barreira.
Já vítima de assédio por parte de soldados e colonos no passado, ela conta: "Tive que mudar a família, incluindo minha mãe doente, para outra casa mais para dentro da aldeia. A situação da minha mãe é grave. Ela já tem uma ambulância que está com dificuldade para chegar lá."
O exército também bloqueia intervenções de emergência. Com a cerca será impossível. O medo dele é que, seguindo o trajeto atual, acabem demolindo parte da casa ou separando-a das oliveiras da frente. "Então não poderei fazer nada. Nem arar, nem irrigar, nem colher. Nada."
Foi o que aconteceu com várias famílias. Outros, como também relatam organizações humanitárias, tiveram seus campos e propriedades queimados por colonos das áreas vizinhas, como aconteceu com o acampamento da família Bassella.
Quando meu pai viu as chamas e correu para cá, tentou contê-las. Eles o empurraram. Ele passou mal. Pouco depois, bem aqui, ele morreu de ataque cardíaco. A qualquer momento, você pode encontrar os colonos em cima de você. Eles atacam você, destroem sua casa e a incendeiam. Como o que aconteceu conosco.
Rai News 24