Música: Caserta faz história na La Liga: rock, reflexões e a promessa do Estádio Olímpico de 2026.

por Alessandra Del Prete
Depois de Campovolo, em 2005, Caserta tornou-se oficialmente parte da carreira de Luciano Ligabue. A Piazza Carlo di Borbone, em frente à fachada principal do Palácio Real, foi transformada em uma arena de rock com capacidade para 36.000 pessoas para sediar "La Notte di Certe Notti", a segunda etapa de um projeto que começou há vinte anos em Reggio Emilia e agora chega ao sul da Itália pela primeira vez.
"Uma beleza absoluta", disse o roqueiro nascido em Correggio do palco, visivelmente impressionado com o cenário em que se viu tocando. E antes de sair, por volta da meia-noite, ele queria deixar um presente para seus fãs: o anúncio de uma nova data, 12 de junho de 2026, no Estádio Olímpico de Roma.
O evento em Caserta não foi apenas um concerto, mas uma mistura de memória, atualidades e celebração. O público comemorou dois marcos importantes com Ligabue: o trigésimo aniversário do álbum "Buon Compleanno Elvis", lançado em 1995 e considerado um dos marcos de sua discografia, e seu trigésimo quinto ano como artista.
O repertório mesclava clássicos com momentos de reflexão, em sintonia com o espírito de uma noite concebida como um ritual coletivo. A apresentação de abertura foi "I ragazzi sono in giro", uma faixa cativante de "Buon Compleanno Elvis", que imediatamente transformou a praça em um coral ao ar livre. Atrás do palco, luzes iluminavam constantemente a fachada do Palácio, tornando o cenário arquitetônico parte integrante do espetáculo.
O concerto também teve um forte espírito cívico. Antes de apresentar "Cosa vuoi che sia", Ligabue chamou a atenção para as mudanças climáticas, falando de inundações, deslizamentos de terra e da incapacidade dos políticos de abordar a questão de forma decisiva. "Mas esses grandes homens da Terra que nos governam têm filhos?", perguntou ele à plateia, em tom direto e provocativo. Enquanto isso, o telão exibia dados precisos: sete milhões de mortes por ano por causas relacionadas ao clima, 15.000 eventos extremos a cada doze meses, 7.000 municípios italianos em risco.
Outro momento importante foi “Il mio nome è mai più”, a canção escrita em 2009 com Piero Pelù e Jovanotti: antes da apresentação, slogans inconfundíveis apareceram na tela — “Chega de massacres em Gaza”, “Chega de massacres na Ucrânia”, “Sudão” — restaurando a música à sua função de se posicionar.
Entre os momentos mais espetaculares estava o Cadillac vermelho — um modelo gigante montado em um trailer — que se transformou em um palco móvel. Ligabue e a banda subiram a bordo e, avançando lentamente pelo corredor deixado aberto entre a multidão, trouxeram a música a poucos metros dos espectadores, parando bem em frente à Reggia. O roqueiro então decidiu desmontar e voltar a pé para o palco principal, cumprimentando os fãs pelo caminho.
Não faltaram homenagens: “As Mulheres Sabem” foi acompanhado por uma montagem de imagens de figuras femininas que deixaram sua marca na história italiana, com sua coragem, competência e talento, de Rita Levi Montalcini a Sophia Loren.
Ligabue também relembrou sua relação com Caserta, relembrando os shows no Palamaggio, antigo centro de basquete e música ao vivo, agora fechado: "Esperamos poder fazer shows lá novamente. Lembro-me do enorme calor da torcida quando tocávamos." Um pensamento que provocou aplausos e nostalgia entre os torcedores da Campânia.
A noite então deu lugar aos grandes clássicos que marcaram as etapas da carreira do roqueiro: "Balliamo sul mondo", "Lambrusco e pipoca", "Bambolina e Barracuda" e "A che ora è la fine del mondo". Essas músicas fizeram toda a praça cantar e dançar, transformando o cenário monumental da Reggia em um espaço de celebração compartilhada.
O concerto parecia terminar com "Urlando Contro Il Cielo", mas o bis final era inevitável: "Certe Notti", a canção icônica que deu título ao evento. Mais uma vez, milhares de vozes se juntaram à da Liga, em um coro coletivo que selou uma noite de música, memórias e reflexões.
İl Denaro