México chega às reuniões do FMI com o desafio do crescimento

O México aborda as Reuniões Anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial com o desafio do crescimento econômico em um ambiente de incerteza comercial e tarifas atuais, de acordo com estrategistas da Invex, Monex, Rankia e XP Investments.
"Definitivamente, há muita volatilidade nas estimativas de crescimento dessas instituições. Basta lembrar que o FMI e a OCDE consideraram, no início do ano, a possibilidade de a economia mexicana entrar em recessão e agora revisaram suas projeções para cima, mais em linha com o consenso do mercado", disse Ricardo Aguilar Abe, economista-chefe da Invex.
Em abril, o FMI estimou que a economia mexicana se contrairia em 0,3% este ano; a OCDE esperava um declínio de -1,3%, e o Banco Mundial viu uma expansão de 0,2%.
De acordo com as previsões ajustadas das três organizações e dada a resiliência das exportações, o FMI espera um crescimento de 1% para este ano; enquanto a OCDE prevê um crescimento de 0,8% e o Banco Mundial vê 0,5%.
"Essa volatilidade nas previsões das organizações reflete a incerteza que elas próprias sentem sobre as perspectivas para a economia mexicana, dados os desafios externos e internos prevalecentes", enfatizou.
Separadamente, Humberto Calzada, economista-chefe para a América Latina da consultoria Rankia, observou que "não é possível avaliar a magnitude do impacto que a agressividade da política tarifária dos Estados Unidos no início do ano teria sobre a economia".
Ele comentou que, à medida que as tarifas foram suavizadas e as extensões foram implementadas, isso permitiu que a economia e as exportações vissem sua resiliência, embora o impacto das tarifas ainda não tenha sido sentido.
Calzada observou que, além do ambiente comercial incerto, as reformas internas do judiciário e a dissolução de órgãos autônomos estão trabalhando contra a criação de um ambiente de certeza.
Tanto a Invex quanto a Rankia preveem que a economia mexicana registrará um crescimento de 0,5%, semelhante ao do Banco Mundial.
Estabilidade macroeconômica e financiamento, chaves
Separadamente, Janneth Quiroz Zamora, diretora de análise econômica, cambial e de mercado de ações da Monex, acredita que o México participará com o objetivo de mostrar seu progresso em estabilidade macroeconômica e fortalecer sua posição em questões como financiamento para desenvolvimento sustentável, transição energética e digitalização.
Espera-se que apoie os apelos do FMI para manter políticas fiscais prudentes e continuar a conter a desinflação sem comprometer o crescimento.
Na Monex, eles também estimam um crescimento de 0,5% para este ano devido à contínua incerteza comercial e às tarifas atuais.
Comércio, valor na previsão, mas pouco visível no cenário
Do Brasil, Marco Oviedo, estrategista latino-americano do banco de investimentos XP, considerou que as recomendações deveriam ser quase semelhantes às de reuniões anteriores: fortalecer o lado da arrecadação tributária, talvez agora se aprofundando no persistente problema da Pemex, e fortalecer o lado institucional, o que incluiria a consideração dos potenciais efeitos negativos da reforma judicial.
Ele considerou que a questão da revisão do USMCA provavelmente fará parte disso, mas de forma muito tangencial, já que envolve três nações.
"O que o México precisa fazer é abordar as queixas dos Estados Unidos em relação à energia e ao trabalho, e defender o que puder nos setores automotivo e agrícola. Mas esta é uma questão que levará mais tempo e pode se tornar mais acalorada nas reuniões de abril", afirmou.
Eleconomista