A LOT já escolheu os aviões. Quanto a economia se beneficiará com o pedido?
Este é o primeiro pedido feito a este fabricante na história recente da LOT e o início de uma cooperação mais ampla com o consórcio europeu.
O pedido foi dividido em duas partes: 20 aeronaves A220-100 e 20 aeronaves A220-300, maiores. A assinatura do contrato, que pode abranger 84 aeronaves A220, foi anunciada durante o Paris Airshow 2025, na presença do Ministro da Infraestrutura, Dariusz Klimczak, e do Ministro dos Transportes francês, Philippe Tabarot.
– As aeronaves da família Airbus A220, que passarão a integrar a frota da PLL LOT a partir de 2027, abrem novas oportunidades de desenvolvimento e crescimento, que são os pilares da nossa estratégia – afirmou o CEO da LOT, Michał Fijoł, após a assinatura do acordo. Benoît de Saint-Exupéry, vice-presidente de Vendas de Aeronaves Comerciais da Airbus, não escondeu sua satisfação com a aquisição da LOT pela família do consórcio europeu. – O A220 desempenhará um papel fundamental na modernização da frota da LOT e na estratégia de expansão da malha aérea – afirmou Benoît de Saint-Exupéry, citado no comunicado à imprensa.
Quanto custam os aviões da Airbus?As partes não divulgaram o valor da transação. Tudo o que se sabe é que o Airbus 220 na versão 100 tem um preço de tabela de US$ 81,5 milhões. Na versão maior, 300 - US$ 91,5 milhões. Normalmente, no caso de um pedido maior, o fabricante concede um desconto de 25% a 50% sobre o preço de tabela. O Embraer E195-E2 tem um preço de tabela de US$ 60 milhões e provavelmente oferece descontos semelhantes em grandes transações.
O Airbus A220 é um jato regional que , dependendo da versão, pode acomodar entre 100 e 160 passageiros. Como todas as aeronaves Airbus, o A220 é capaz de operar com até 50% de combustível de aviação sustentável (SAF).
– É o desenvolvimento ininterrupto da LOT que permite uma compra tão grande. Ambas as ofertas eram tecnologicamente fortes, mas, pelo que entendi, o cálculo econômico e quem reduziria o preço foram importantes – avaliou a transação Adrian Furgalski, especialista em mercados de transporte e presidente da ZDG TOR.
Dominik Sipiński, da ch-aviation, é mais reservado quanto à escolha da LOT. – A parceria com a Airbus, sem dúvida, oferece maiores possibilidades políticas, inclusive em termos de política industrial e de defesa. O A220 é uma aeronave muito eficiente, com maior alcance e mais assentos do que o E2. Isso proporciona maior espaço para desenvolvimento e a possibilidade de desenvolver uma rede de médio alcance. Resta saber se a LOT conseguirá construir uma rede sem aeronaves com menos de 100 assentos.
Em sua opinião, a transição para a plataforma A220 será custosa e complexa para a LOT devido à necessidade de treinar tripulações do zero, construir uma base técnica e adquirir peças de reposição. E o período de transição, quando a frota incluirá ambas as famílias de aeronaves regionais, também pode estar associado a complicações operacionais.
Investimentos na economia polonesa?Ambas as ofertas, da Airbus e da Embraer, estavam associadas a promessas de grandes investimentos na economia polonesa. Wouter van Wersch, vice-presidente de relações internacionais da Airbus, não escondeu em entrevista ao "Rzeczpospolita" que a prioridade da Airbus é entregar aeronaves à LOT. " Mas também vemos oportunidades na indústria de defesa. Estamos prontos para nos envolver na construção de helicópteros, o que inclui o modelo H145", disse Wouter van Wersch ao "Rzeczpospolita". Ele também mencionou o envolvimento na manutenção e reparo de aeronaves (não apenas civis, mas também de defesa), bem como investimentos em digitalização e TI. Ele anunciou sua disposição de aumentar o emprego na Polônia para 1.500 pessoas até 2030. As compras atuais da Airbus na Polônia somam 500 milhões de euros por ano e devem aumentar em mais 200 milhões de euros.
A Embraer anunciou sua intenção de investir na Polônia na criação de um centro de produção para a aeronave militar multipropósito KC-390 Millennium, na modernização da aeronave de passageiros E190 para uma versão de transporte, na produção de componentes para o E2 e no trabalho em tecnologias de aviação, reparos, bem como iniciativas educacionais e de treinamento.
Em cooperação com empresas locais, a empresa estava pronta para investir até US$ 3 bilhões na próxima década, o que criaria cerca de 5.000 empregos no mercado polonês, declarou o CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, em entrevista ao "Rzeczpospolita".
Por que A Embraer perdeu?Segundo informações não oficiais, a Airbus acabou vencendo a licitação da LOT por vários motivos. Primeiro, o A220 tem um alcance maior que o E2 – 6,7 mil km, contra 4,8 mil km do E2. Segundo, as peças de reposição para a Embraer são muito caras e, no passado, durante a gestão de Rafał Milczarski na LOT, houve tensões entre os brasileiros e a LOT por causa disso.
E mais um motivo, desta vez político. Encomendar aeronaves do Brasil apoiaria um país pertencente ao BRICS, grupo político e econômico que inclui a Rússia. E prova da amizade e das excelentes relações entre Brasília e Moscou foram as fotos do presidente brasileiro Lula nos braços de Vladimir Putin, tiradas durante as recentes comemorações do Dia da Vitória, em 9 de maio.
Questionado sobre isso, o CEO da Embraer afirmou: "A Embraer é uma empresa privada. E, claro, temos contatos com o nosso governo. Mas não temos nada a ver com a Rússia hoje. Cumprimos as sanções em todas as áreas. Nossos negócios com a Rússia são zero", disse Francisco Gomes Neto.
RP