Agência de turismo de Franca, SP, cita 'dívidas impagáveis' com credores para cancelar viagem de peregrinos a Jubileu

Juntos, grupos de Orlândia e do Distrito Federal tiveram um prejuízo de mais de R$ 1 milhão.

À EPTV, afiliada da TV Globo, a Kairós informou, por meio de nota, que, por conta da crise que vem enfrentando, um dos credores bloqueou, justamente, os créditos referentes à viagem do Jubileu, programada para o fim do mês, em Roma, na Itália.

"A Kairós seguia suas atividades dedicando o lucro exclusivamente para arcar com seus compromissos, porém, por uma infeliz coincidência, um de nossos credores bloqueou os nossos créditos referentes à viagem do Jubileu de 2025. Infelizmente, compreendemos demasiadamente a dor desses jovens, o que aumenta ainda mais a nossa dor pela situação e o sentimento de culpa. Não somos apenas uma empresa, esse trabalho tem um propósito maior, e compreendemos a força espiritual do Jubileu, bem como sua periodicidade".

A nota também informa que a crise financeira começou com a pandemia da Covid-19, que "enterrou o turismo, quebrando diversas empresas do ramo e fazendo com que as sobreviventes saíssem com dívidas leoninas para lidar com as promessas não entregues".

A agência também disse que teve os negócios prejudicados por conta da Guerra de Israel.

"A situação belicosa global igualmente prejudicou nossos negócios, com diversas viagens sendo canceladas por receio da escalada dos conflitos em Israel. Dívidas estas que, inclusive, foram arcadas do próprio bolso dos sócios, e não apenas da empresa".

A página da Kairós em uma rede social limitou os comentários de usuários após as denúncias.

Ainda na nota enviada à EPTV, a agência informou que busca suporte e apoio para que todos os lesados sejam recompensados e disse que não consegue elaborar um plano por conta da pressão da mídia.

"Embora não possamos reintegrar o prejuízo neste momento, uma vez que os valores e os lucros foram completamente devorados por credores, afirmamos que estamos buscando todo o suporte e apoio para que todos os lesados sejam compensados. E o que fazemos na prática? Ainda não está muito claro, mas diante de toda a situação e a pressão da mídia, não conseguimos elaborar um plano com consciência e clareza".

Por fim, a empresa disse que estudou a possibilidade de encaminhar os grupos para agências de terceiros e assumir mais uma dívida, mas, diante da divulgação da quebra e acusações de golpe, o trabalho foi comprometido.

"Talvez algum dia possamos reestruturar nossas viagens com o objetivo de satisfazer os prejudicados", diz outro trecho da nota.

O advogado Sanny Médik foi uma das pessoas lesadas e disse que estuda a possibilidade de acionar a agência na Justiça.

"A gente pretende levar essa situação tanto na esfera cível como criminal para apuração do poder judiciário e pra verificar tudo que aconteceu, até para a outra parte se manifestar, que é um direito deles".

Além da situação financeira, o grupo está triste por perder uma oportunidade única, uma vez que o próximo Jubileu acontece apenas em 2050. Para muitos deles, também faz a diferença participar deste momento enquanto ainda são jovens.

"Nós não vamos parar, nós vamos tentar levantar o máximo que for de algum dinheiro pra mandar, nem que for só metade grupo, mas para cumprir com esse sonho. Porque é um dever nosso com nós mesmos e com a Igreja. A esperança não decepciona", diz Isabel Piloto.

Ao longo dos últimos anos, os peregrinos levantaram parte do dinheiro da viagem com rifas, sorteios, bazares e quermesses. O plano agora é se empenhar, de novo, em ações solidárias para que eles consigam viajar.