Operação Babel. Elad Dror refere que ex-vice-presidente da Câmara de Gaia nunca lhe prometeu nada
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O fundador do grupo Fortera, Elad Dror, arguido no processo Babel, disse esta terça-feira em tribunal que nunca tomou café, lanchou ou jantou com o ex-vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, igualmente arguido, e que este nunca lhe prometeu nada.
“Nunca tomei nenhum café, lanchei ou jantei com o ex-vice-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, nunca tive essa necessidade”, afirmou o empresário na 16.ª sessão do julgamento do caso relacionado com a alegada viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanísticos na Câmara de Gaia.
Elad Dror está acusado de 16 crimes, designadamente cinco de corrupção ativa, quatro de prevaricação, um de participação económica em negócio, um de branqueamento, um de tráfico de influência e quatro crimes de recebimento ou oferta indevidos de vantagem.
Segundo o Ministério Público (MP), os empresários Elad Dror e Paulo Malafaia “combinaram entre si desenvolverem projetos imobiliários na cidade de Vila Nova de Gaia, designadamente os denominados Skyline/Centro Cultural e de Congressos, Riverside e Hotel Azul”, contando com o alegado favorecimento por parte de Patrocínio Azevedo que receberia, em troca, dinheiro e relógios.
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O MP defende ainda que o advogado João Pedro Lopes, também arguido neste processo, fazia a ponte de Paulo Malafaia e Elad Dror com Patrocínio Azevedo.
Perante o coletivo de juízes, o fundador do grupo Fortera, que está a prestar declarações em inglês tendo o apoio de um tradutor, explicou que os contactos com a autarquia, do distrito do Porto, eram sempre feitos através do empresário Paulo Malafaia que, quando soube que ia investir em Gaia, lhe ofereceu ajuda para o que precisasse.
Questionado sobre o tipo de ajuda que o empresário lhe poderia dar, o arguido ressalvou que percebeu que aquele tinha facilidade em marcar reuniões na câmara, apesar de não saber como, reuniões que, se fosse o próprio, demorariam um, dois ou três meses a ser agendadas.
“Paulo Malafaia não especificou a ajuda que ia prestar, apenas disse que podia contar com ele para tudo o que precisasse na câmara”, frisou.
Elad Dror referiu ainda que Patrocínio Azevedo “nunca foi meramente um vice-presidente, era a cabeça do urbanismo, era quem estava a par de tudo”.
“Ele estava sempre com as mãos nos assuntos, estava a par de tudo o que se passava ao contrário do presidente”, reforçou.
Dada a importância do Skyline — que implicava a construção de um centro de congressos, hotel, parque de estacionamento e edifício de habitação — Patrocínio Azevedo salientou que iria criar um grupo de trabalho, mas em nenhum momento lhe prometeu o que quer que fosse, sublinhou.
Além disso, o arguido sustentou que a pressão “sempre foi do lado da câmara”, porque o Skyline era um projeto muito importante para a cidade.
observador