Operação mira esquema que movimentou R$ 4 bilhões com jogo do ‘Tigrinho’; influenciadores são alvos

A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta quinta-feira 7, a Operação Desfortuna, que investiga 15 influenciadores digitais por suspeita de envolvimento na promoção de jogos de azar on-line, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Entre os alvos estão nomes conhecidos como Bia Miranda, com mais de 5 milhões de seguidores nas redes, e Buarque, que tem mais de 3 milhões.
A ofensiva mobilizou agentes nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, com o objetivo de cumprir 31 mandados de busca e apreensão. Segundo as investigações, os influenciadores utilizavam as redes sociais para divulgar plataformas ilegais de apostas, como o jogo conhecido como “Tigrinho”, por meio de publicações com promessas enganosas de ganhos fáceis.
As autoridades apontam que os conteúdos promoviam essas atividades ilícitas como oportunidades rápidas de lucro, em uma tentativa de atrair seguidores — muitos deles jovens — para sistemas de apostas vetados por lei.
Durante a apuração, conduzida pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD), com apoio do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e do Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD), foram identificadas movimentações bancárias suspeitas que superam 4 bilhões de reais. Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que esse volume financeiro é incompatível com as rendas declaradas pelos investigados.
Além da atividade ilegal de divulgação, a polícia sustenta que os envolvidos integravam uma estrutura criminosa organizada, com funções bem definidas entre influenciadores, operadores financeiros e empresas de fachada. Essa rede seria utilizada para mascarar a origem ilícita dos recursos, configurando o crime de lavagem de dinheiro.
As investigações também apontam que alguns dos investigados mantinham vínculos com indivíduos que já possuem antecedentes criminais ligados a facções.
Imagens e vídeos compartilhados pelos influenciadores em suas redes sociais mostram rotinas de luxo, incluindo viagens internacionais, veículos de alto valor e imóveis sofisticados, o que reforçou as suspeitas das autoridades sobre enriquecimento ilícito.
As defesas de Bia Miranda e Buarque ainda não se manifestaram. Os demais alvos ainda não foram listados pela Polícia.
CartaCapital