Nobel da Física premeia trabalho em mecânica quântica

O prémio Nobel da Física foi atribuído esta terça-feira a John Carlke, Michel H. Devoret, John M. Martinis “pela descoberta do tunelamento quântico macroscópico e da quantização de energia num circuito elétrico”.
Na revelação dos vencedores, o painel compara o trabalho dos laureados com um simples jogos de criança. “Se atiras uma bola contra a parede, tens a certeza que ele vai bater [na parede] e voltar para ti”. “Ficarias surpreendido se a bola aparecesse, de repente, do outro lado da parede”, ultrapassando-a. Ora, explicam os peritos, é esse fenómeno que é chamado, na mecânica quântica, de “tunelamento” e é por ser anormal que tem reputação de “bizarro” e pouco intuitivo.
Os três laureados “usaram uma séria de experiências para demonstrar que as propriedades bizarras do mundo quântico podem ser concretizadas num sistema grande o suficiente para ser segurado na palma da mão: o sistema elétrico poderia passar de um estado para o outro, como se estivesse a atravessar uma parede”.
“Eles mostraram que o sistema absorvia e emitia energia em doses de tamanho específicos, tal como previsto pela mecânica quântica”.
BREAKING NEWSThe Royal Swedish Academy of Sciences has decided to award the 2025 #NobelPrize in Physics to John Clarke, Michel H. Devoret and John M. Martinis “for the discovery of macroscopic quantum mechanical tunnelling and energy quantisation in an electric circuit.” pic.twitter.com/XkDUKWbHpz
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 7, 2025
Depois do anúncio do Nobel da Medicina, na segunda-feira, este é o segundo prémio a ser atribuído este ano. Mary Brunkow, Fred Ramsdell e Shimon Sakaguchi foram os primeiros vencedores da jornada deste ano.
Os três cientistas receberam o prémio da Medicina pelas descobertas na tolerância imunitária periférica. “Os laureados deste ano identificaram os guarda-costas do sistema imunitário, as células T reguladoras, que impedem as células imunológicas de atacar o nosso próprio corpo”, descreveu o comité através de uma publicação no X.
O primeiro a vencer o Nobel da Física foi Wilhelm Röntgen, em 1901, “por reconhecimento dos seus serviços extraordinários na descoberta” dos raios-X, posteriormente nomeados em sua homenagem.
Pierre Curie, Marie Curie, Guglielmo Marconi, Ferdinand Braun, Albert Einstein, Erwin Schrödinger, Paul A. M. Dirac, são alguns dos 226 nomes que já receberam o Nobel da Física. O norte-americano John Bardeen foi o único a receber o prémio atribuído pela Academia Real das Ciências da Suécia mais do que uma vez.
No ano passado o prémio foi atribuído a J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton, por usarem “ferramentas da física para desenvolver métodos que estão hoje na base do poderoso machine learning“.
Nos próximos dias serão anunciados os vencedores do Nobel da Química (quarta-feira), da Literatura (quinta-feira), da Paz (sexta-feira) e das Ciências Económicas (segunda-feira) — este último tem concentrado ainda mais expectativa do que o habitual fruto da sugestão, propagada pelo próprio, de que Donald Trump seria um digno vencedor.
Os prémios Nobel foram criados em 1985 por Alfred Nobel, engenheiro e industrial sueco, e atribuídos pela primeira vez em 1901. O inventor da dinamite explicou, no seu testamento, que tinha o desejo de aplicar a sua fortuna para reconhecimento de personalidades que prestassem serviços valiosos à humanidade através do seu conhecimento, influência e investigação.
Os prémios Nobel nasceram da vontade do químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel em doar a sua imensa fortuna para o reconhecimento de personalidades que prestassem serviços à Humanidade. Os prémios agora atribuídos serão entregues aos vencedores numa cerimónia a 10 de dezembro, data em que se assinala o aniversário do seu fundador.
observador