Novo Nordisk anuncia plano de ‘emagrecimento’ com corte de nove mil empregos

A farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou esta quarta-feira um plano de transformação da empresa com o objetivo de “simplificar a sua organização, melhorar a velocidade de resposta, e realocar recursos para oportunidades de crescimento nas áreas da diabetes e da obesidade”. Isto vai fazer com que a fabricante do Wegovy corte nove mil postos de trabalhos de um total de 78.400, sendo que cinco mil devem acontecer na Dinamarca. A poupança deve atingir os mil milhões de euros até ao final de 2026. Ações sobem 2,7% com anúncio.
“A transformação reflete o compromisso da empresa em satisfazer a crescente procura global, ao mesmo tempo que compete num mercado de obesidade mais dinâmico e orientado para o consumidor, como evidenciado pela recente desaceleração do crescimento. Nos últimos anos, a rápida expansão da Novo Nordisk aumentou a complexidade organizacional e os custos. A transformação visa abordar esta complexidade, para que a Novo Nordisk possa investir mais na sua ciência, capacidades comerciais e expansão da produção – com o objetivo de chegar aos milhões de pessoas que permanecem sem tratamento”, diz a farmacêutica relativamente ao seu plano de transformação.
O presidente e CEO da Novo Nordisk, Mike Doustdar, referiu que enquanto “líder global em obesidade e diabetes, a Novo Nordisk oferece produtos transformadores a doentes de todo o mundo. Mas os nossos mercados estão a evoluir, especialmente o da obesidade, à medida que se tornou mais competitivo e orientado para o consumidor. A nossa empresa também precisa de evoluir. Isto significa incutir uma cultura cada vez mais baseada no desempenho, empregar os nossos recursos de forma cada vez mais eficaz e priorizar o investimento onde terá maior impacto – nas nossas principais áreas terapêuticas”.
A redução da força de trabalho na Novo Nordisk deve poupar cerca de mil milhões de euros até ao final de 2026 (oito biliões de coroas norueguesas).
A empresa refere que estas poupanças serão “redirecionadas para oportunidades de crescimento na diabetes e obesidade” o que inclui “iniciativas de execução comercial e programas de pesquisa e desenvolvimento (R&D)”.
A implementação deve “começar imediatamente”, confirmou a empresa dinamarquesa, com a comunicação aos empregados afetados a acontecer ao longo dos próximos meses “aguardando negociações de acordo com os requisitos legais” do mercado de trabalho local.
“Além disso, serão implementadas iniciativas adicionais para melhorar o foco organizacional, a cultura de desempenho e a velocidade da tomada de decisões, bem como a eficiência de custos”, referiu a empresa.
“É sempre difícil ver colegas talentosos e valorizados a sair, mas estamos convencidos de que esta é a decisão certa para o sucesso a longo prazo da Novo Nordisk. Precisamos de uma mudança na nossa mentalidade e abordagem para que possamos ser mais rápidos e ágeis. O nosso plano de transformação foi elaborado para isso. Ao realinhar os nossos recursos agora, seremos capazes de priorizar investimentos para impulsionar o crescimento sustentável e a inovação futura para milhões de doentes com doenças crónicas em todo o mundo, especialmente diabetes e obesidade”, disse o presidente e CEO da Novo Nordisk, Mike Doustdar.
Plano deve poupar mil milhões de eurosEsta transformação deve ter um impacto único de mil milhões de euros (oito biliões de coroas dinamarquesas). Os custos de restruturação que devem atingir os 1,2 mil milhões de euros (nove biliões de coroas dinamarquesas) vão impactar as contas referentes ao terceiro trimestre que serão compensadas por poupanças de 134 milhões de euros no quatro trimestre, refere a farmacêutica dinamarquesa.
“Esperamos um impacto negativo não recorrente estimado de cerca de seis pontos percentuais no crescimento do lucro operacional anual em 2025, em comparação com a perspetiva de lucro operacional divulgada a 6 de agosto. Esta alteração das expectativas para 2025 considera apenas os custos pontuais de reestruturação acima descritos”, confirma a Novo Nordisk.
Isto faz com que o crescimento do lucro operacional para 2025 se situe entre 4% e 10% face ao intervalo entre os 10% e os 16% que eram esperados a 6 de agosto.
As ações estão a subir 2,7% com este anúncio. Desde o início do ano a empresa farmacêutica já caiu 45,5% e no espaço de um ano quebrou 60,2%.
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