Como John Textor pode acabar a tramar o Palace

O Crystal Palace venceu o Manchester City em Wembley e conquistou a Taça de Inglaterra pela primeira vez na história, oferecendo um dia inesquecível a todos os adeptos do clube de Londres. Além disso, o triunfo garantiu um apuramento inédito para a Liga Europa, assegurando a estreia dos ingleses nas competições europeias — mas a verdade é que o sonho pode estar em risco.
Apesar de a vitória na final da Taça de Inglaterra ter garantindo um lugar na fase de liga da Liga Europa na próxima temporada, a presença do norte-americano John Textor na estrutura acionista do Crystal Palace está a ameaçar a aventura europeia. A explicação é simples: o empresário detém 43% do clube, sendo o acionista maioritário, e também é dono do Lyon, que também se apurou para Liga Europa. Ora, devido às regras da competição e concorrência, as regras da UEFA indicam que duas equipas com o mesmo proprietário não podem competir na mesma prova continental.
Crystal Palace are set to argue their case to UEFA to allow the club to compete in the Europa League next season.
The club’s participation in the tournament is in jeopardy due to the governing body’s rules on multi-club ownership.
Palace’s four general partners — John Textor,… pic.twitter.com/VrdeW8GyDm
— The Athletic | Football (@TheAthleticFC) June 3, 2025
Ainda assim, e apesar de ser o acionista maioritário do Crystal Palace, John Textor só tem 25% de direitos de voto e defende que não tem influência nas decisões do clube — logo, que as regras não estão a ser violadas. O empresário norte-americano tem procurado a aquisição total nos últimos anos, algo que nunca lhe foi facilitado, e a verdade é que está agora a ponderar vender a fatia que detém para que os ingleses possam competir na Liga Europa sem limitações. Textor participou numa reunião com a UEFA em Nyon, esta terça-feira, e é expectável que uma decisão final seja anunciada nos próximos dez dias.
“O Reino Unido inteiro sabe que eu não tenho uma influência decisiva no Palace. Foi uma boa reunião. Eles ouviram e agora vamos ver o que vai acontecer. Nunca estaria a tentar vender a minha parte se tivesse influência no clube. Estamos a tentar separar tudo e vender. Queríamos comprar, mas tornou-se claro que isso não iria acontecer e agora estamos só a tentar ajudar o Palace nesta situação com a UEFA”, indicou o norte-americano em declarações ao jornal Daily Mail.
Ora, se a situação não ficar resolvida, as regras da UEFA indicam que será o Crystal Palace a cair para a Liga Conferência, por estar abaixo do Lyon no ranking — algo que pode provocar desde logo outro problema semelhante, já que David Blitzer, um dos proprietários dos ingleses, é também acionista maioritário dos dinamarqueses do Brondby, que estão na terceira competição europeia.
Uma das maneiras de solucionar este tipo de conflitos é colocar um ou mais dos clubes envolvidos num blind trust, um fundo onde os respetivos beneficiários não têm conhecimento das participações que este abrange nem qualquer direito de intervenção na sua gestão ou aplicação. Foi isso, aliás, que Jim Ratcliffe teve de fazer no ano passado quando o Manchester United, do qual é co-proprietário, e o Nice, do qual é proprietário, se qualificaram em simultâneo para a Liga Europa. O problema foi a surpresa do apuramento europeu do Crystal Palace: a data-limite para apresentação desse blind trust foi o dia 1 de março, muito antes de os londrinos imaginarem que iriam festejar em Wembley.
observador