Espanha se prepara para celebração de um ano do surrealista Joan Miró
Os portadores da tocha de um dos artistas mais famosos da Espanha, Joan Miró, estão prometendo uma festa de um ano de eventos em homenagem ao surrealista — e à fundação que ele criou há meio século.
Miró, que morreu em 1983 aos 90 anos, foi um gigante do movimento surrealista, conhecido por suas pinturas lúdicas e abstratas, com formas geométricas brilhantes e linhas caligráficas que lembram rabiscos.
A Fundação Joan Miró, que ele criou em uma estrutura modernista construída especialmente para esse fim no topo de uma colina em Barcelona em 1975, agora abriga uma vasta coleção de suas telas, esculturas e outras obras.
A instituição está planejando uma série de eventos com duração de um ano para marcar o meio século, que vão desde exposições e concertos até uma visita ao nascer do sol em seu prédio no topo da colina.
"Nesses 50 anos, deixamos de ser o sonho de um artista e nos tornamos uma referência cultural em Barcelona e no mundo", disse o diretor da fundação, Marko Daniel.
A fundação tem suas raízes no início da década de 1970, quando Miró — que então vivia na ilha vizinha de Maiorca — tentou se reconectar com sua cidade natal criando um centro de estudos de arte contemporânea.
Seu amigo próximo, o arquiteto Josep Lluis Sert, projetou o distinto edifício de concreto branco situado na colina de Montjuic, com vista para Barcelona.
A fundação foi inaugurada discretamente em 10 de junho de 1975, a pedido de Miró para evitar uma cerimônia oficial durante os últimos meses da ditadura do General Francisco Franco.
Uma inauguração mais comemorativa ocorreu um ano depois, após a morte do ditador.
As comemorações do aniversário começam na quarta-feira com a abertura de uma exposição de fotos, recortes de imprensa e plantas arquitetônicas que traçam a evolução da instituição ao longo dos anos.
A fundação abrirá suas portas no domingo ao nascer do sol para permitir que os visitantes vivenciem o edifício banhado pela luz do amanhecer.
"Miro nos deixou não apenas um edifício, uma instituição única e uma coleção notável, mas também uma maneira de ver o mundo", disse Daniel.
Laços com os EUA explorados
Um dos destaques do aniversário será a abertura, em outubro, de "Miro e os Estados Unidos", uma exposição que examina as conexões do artista surrealista com a América — uma relação menos documentada do que seus laços com a França.
Miró visitou os Estados Unidos sete vezes entre 1947 e 1968, e a exposição apresentará obras de ícones americanos como Louise Bourgeois, Jackson Pollock e Mark Rothko, além de peças do próprio artista espanhol.
Após sua temporada em Barcelona, a exposição viajará para a Phillips Collection em Washington DC em março, onde permanecerá em exibição até julho de 2026.
"Esta se tornará a exposição mais importante sobre Miró já realizada nos Estados Unidos", disse a diretora de programação artística da fundação, Ana Ara.
No ano que vem, a fundação realizará uma grande reorganização de sua coleção permanente, com mais material interpretativo adicionado para ajudar os visitantes a entender como o artista concebeu cada peça.
"Queremos colocar o visitante no momento em que Miró estava criando essas obras", disse Ara.
Miró inicialmente se inspirou em artistas como Vincent van Gogh ou Paul Cézanne antes de desenvolver seu próprio estilo único.
O escritor francês André Breton, líder do movimento surrealista, certa vez chamou Miró de "o mais surrealista de todos nós".
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