Transcrição: Senadores Richard Blumenthal e Lindsey Graham em "Face the Nation com Margaret Brennan", 15 de junho de 2025

A seguir, a transcrição de uma entrevista com os senadores Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, e Lindsey Graham, republicana da Carolina do Sul, que foi ao ar no programa "Face the Nation with Margaret Brennan" em 15 de junho de 2025.
MARGARET BRENNAN: Agora, estamos acompanhados por dois senadores em uma rara entrevista bipartidária: o republicano Lindsey Graham e o democrata Richard Blumenthal. Eles são coautores de uma legislação que visa impor sanções secundárias à Rússia. Bom dia a ambos.
SENADORA LINDSEY GRAHAM: Bom dia.
SENADOR RICHARD BLUMENTHAL: Bom dia.
MARGARET BRENNAN: Quero falar sobre esse conflito em breve, mas começando pelo Oriente Médio, Senador Graham, o senhor disse que acredita que "é do interesse dos Estados Unidos fazer tudo para ajudar Israel a terminar o trabalho". Parece que o senhor quer dizer apoio ofensivo.
SENADOR GRAHAM: Então, o pior resultado possível para o mundo é que o programa nuclear iraniano sobreviva depois de tudo isso. Como destruir o programa deles? Por meio da diplomacia, eu prefiro, ou por meio de ação militar. Se a diplomacia não for bem-sucedida e nos restar a opção da força, eu instaria o presidente Trump a se empenhar ao máximo para garantir que, quando esta operação terminar, não haja mais nada de pé no Irã em relação ao seu programa nuclear. Se isso significa fornecer bombas, forneça bombas. Se isso significa voar...
MARGARET BRENNAN: Bombas para destruir bunkers?
SENADOR GRAHAM: Bombas, não importa. Se isso significa voar com Israel, voe com Israel. O pior resultado possível para o mundo é assumir o programa nuclear iraniano e deixá-lo parado. Isso seria um desastre.
MARGARET BRENNAN: Senador Blumenthal, qual é a sua opinião? Até que ponto os EUA devem se envolver?
SENADOR BLUMENTHAL: Vamos começar com a proposição básica que deve motivar a política americana, bem como a mundial. Um Irã com armas nucleares é uma ameaça inaceitável para o mundo, não apenas para Israel, mas também para os Estados Unidos. E eu apoio o direito de Israel de se defender contra essa ameaça existencial. Estou muito preocupado agora com o pessoal dos Estados Unidos na região, nossos militares, mas também com os civis que estão lá. Estou recebendo telefonemas de famílias em Connecticut que estão profundamente preocupadas com seus filhos que estavam lá, com as famílias dos reféns. Apoio o esforço do presidente para priorizar a diplomacia.
MARGARET BRENNAN: Vamos conversar mais sobre isso depois do intervalo comercial. Então, por favor, fiquem aqui conosco, e já voltamos.
((INTERVALO COMERCIAL))
MARGARET BRENNAN: E bem-vindos de volta ao programa "Face the Nation". Voltamos agora à nossa conversa com os senadores Graham e Blumenthal. Senador Blumenthal, antes de chegarmos à Ucrânia, gostaria de abordar o Oriente Médio. Sabe, o secretário de Defesa estava depondo no Congresso esta semana e disse que transferiu equipamentos destinados a combater drones na Ucrânia para o Oriente Médio agora, por causa dessa escalada. O que mais é necessário para proteger o pessoal americano?
SENADOR BLUMENTHAL: Precisamos mover ativos, e já o fizemos. Não apenas para proteger o pessoal americano, mas também para permitir que Israel se defenda da retaliação do Irã. Mas acho que o Presidente está certo em tentar unir os dois lados. Há um acordo possível aqui, se o Irã abandonar seus esforços para construir bombas nucleares que colocam em risco não apenas Israel, mas toda a estabilidade regional, porque todas as outras nações árabes terão armas nucleares se o Irã também tiver. Mas os americanos não têm interesse em uma Guerra Eterna. Portanto, acho que precisamos estar cientes da prioridade da diplomacia aqui e unir os dois lados, além de proteger o pessoal americano.
MARGARET BRENNAN: Senador Graham, o problema da diplomacia é que o primeiro-ministro israelense está convocando o povo iraniano a se rebelar contra o regime, um regime que, segundo ele, está clamando pela destruição do seu Estado. Não parece haver um acordo se for tão existencial. Isso está apenas nos levando ao resultado, você diz, que é o envolvimento dos Estados Unidos em um conflito militar?
SEN. GRAHAM: Bem, eu adoraria que o regime caísse. Se não, se você quer que este regime permaneça no poder, você quer que as pessoas oprimam o povo iraniano. Você quer que as pessoas ameacem seus vizinhos, que sejam os maiores Estados... quem quer que o maior Estado patrocinador do terrorismo permaneça no poder? Mas a mudança de regime não é a política dos Estados Unidos. Ainda não é o propósito deste ataque. Mas se houver um ataque do Irã a um americano em qualquer lugar do Oriente Médio, então haverá uma mudança de regime. Então, com o que estamos lidando? Estamos lidando com uma parte inegociável do acordo. Eles não podem ter um programa nuclear que possa fabricar uma bomba. A diplomacia é preferível, como diz Dick, mas a força pode ser a única opção. E eu disse com a maior clareza possível: se a diplomacia falhar, Sr. Presidente Trump, o senhor foi ótimo, ajude Israel a terminar o trabalho. Dê-lhes bombas, voe com eles se necessário. Não posso enfatizar que, se você quer acertar com a Rússia, você quer melhorar a China. Você quer convencer o terrorismo internacional de que estamos falando sério, você precisa terminar o trabalho com o Irã.
MARGARET BRENNAN: Bem, vamos ver se há alguma disposição para negociar. Até agora, não vimos muita coisa.
SENADOR GRAHAM: Isso é um grande erro da parte do Irã. Não é do presidente Trump. Se não temos negociações, não é por causa de Trump. É por causa do aiatolá.
MARGARET BRENNAN: Ou... quero dizer, você não pode necessariamente forçar alguém a fazer concessões que ele não estava disposto a fazer, certo?
SENADOR GRAHAM: Não creio que eles tivessem qualquer desejo de fazer concessões.
SENADOR BLUMENTHAL: Se o Irã calcular mal agora, enfrentará as consequências. Mas há um caminho para um acordo. O presidente Obama chegou a um acordo. Longe de ser perfeito. O presidente Trump o rasgou. Se estivesse em vigor, talvez pudéssemos ter impedido o aumento de armas nucleares do Irã, que já ocorreu. Já são quase 10 bombas. Mas existe a possibilidade de diplomacia. Enquanto isso, os Estados Unidos devem fornecer os meios para que Israel se defenda contra essa retaliação iraniana.
MARGARET BRENNAN: Só para esclarecer, quando você diz perto de 10 bombas, quer dizer que elas teriam combustível nuclear suficiente. Mas, até onde sabemos, pela avaliação dos EUA, eles não tomaram a decisão política de transformar isso em uma arma. Não ouvimos isso do presidente da Inteligência do Senado quando perguntei.
SENADOR GRAHAM: Qual a finalidade do urânio enriquecido a 60% além de fabricar uma arma? Por que vocês têm 400 quilos desse material se não querem fabricar uma arma?
MARGARET BRENNAN: Sabe, a avaliação era que eles queriam a vantagem, certo?
SENADOR GRAHAM: É, tá. Tanto faz.
MARGARET BRENNAN: Gostaria de perguntar sobre o trabalho bipartidário que vocês dois estão fazendo, se possível. A propósito...
SENADOR BLUMENTHAL: Finalmente.
MARGARET BRENNAN: – Irã e Rússia --
SENADOR GRAHAM: --Somos bipartidários nisso.
((INTERRUPÇÕES))
SENADOR BLUMENTHAL: E, sabe, se eu pudesse acrescentar mais um ponto sobre o Irã?
MARGARET BRENNAN: Sim
SENADOR BLUMENTHAL: Já que vamos falar sobre sanções russas, acho que devemos reforçar as sanções contra o Irã. Que é um meio não cinético, pacífico, de exercer pressão. Espero que talvez o Senador Graham...
SENADORA LINDSEY GRAHAM: Eu serei seu braço direito. Nós escreveremos o projeto de lei aqui mesmo na televisão. China, se você estiver ouvindo, pare de comprar petróleo russo e pare de ajudar os iranianos. Você torna o mundo um lugar mais seguro se parar
MARGARET BRENNAN: Eles compram porque é barato. Sim, eles...
SENADORA LINDSEY GRAHAM: Eles deveriam pagar um preço por sustentar a máquina de guerra de Putin. Nós deveríamos destruir a economia deles.
MARGARET BRENNAN: Certo, então me falem sobre isso. Então, com o projeto de lei de sanções em que vocês estão trabalhando, vocês têm uma maioria à prova de veto. Vocês só precisam que o líder do Senado o coloque em votação no plenário, e vocês precisam que o Presidente diga "vá". O que vocês estão esperando?
SEN. BLUMENTHAL: Acho que o presidente deveria pedir ao Senado que aprove o projeto de lei de sanções à Rússia literalmente amanhã. Ele está a caminho hoje à noite para a reunião do G7. Ele estará sentado diante de líderes mundiais. Neste momento, muito francamente, a percepção pode ser de fraqueza em termos da posição dos Estados Unidos em relação à Ucrânia. Ele pode estar lá em uma posição de força. Este projeto de lei será aprovado por esmagadora maioria. Tem 84 copatrocinadores divididos igualmente. Receberá 90 votos no plenário do Senado. Este momento clama por liderança presidencial. Há uma urgência aqui. Vimos bairros dizimados, pessoas mortas enquanto dormiam, mulheres e crianças baleadas na nuca e enterradas em valas comuns em Bucha, crianças sequestradas e reeducadas, 20.000 delas, atrás das linhas russas. Essas atrocidades estão em andamento, e o povo da Ucrânia está sangrando e morrendo. Portanto, espero que o presidente demonstre liderança afirmativa aqui e peça ao Senado que vote. O líder da maioria poderia fazer isso amanhã...
MARGARET BRENNAN: --Sim.
SENADOR BLUMENTHAL: Temos algumas questões técnicas para resolver, mas realmente acho que chegou o momento de o presidente Trump convocar o Senado.
MARGARET BRENNAN: Senador Graham, o presidente Trump tuitou ontem que falou com Vladimir Putin, que ligou gentilmente para me desejar feliz aniversário e falar sobre o Irã. Ele disse que vão se falar novamente esta semana. O presidente Trump impôs sanções ao Irã enquanto conversa com o Irã. Por que ele não impõe sanções à Rússia enquanto conversa com a Rússia?
SENADOR GRAHAM: Temos sanções contra a Rússia. Ele providenciou...
MARGARET BRENNAN: --Não são novas sanções contra Trump. Você sabe disso.--
SEN. GRAHAM: --Simplesmente. Então, acho estranho. Então, meus amigos democratas o estão segurando quando se trata do Irã. Nós realmente apreciamos sua tentativa de fazer diplomacia. O que estou dizendo? Faça diplomacia com o Irã até que não funcione. O que estou dizendo com a Rússia? Não me importo com você, não me importo se você sair de férias com Putin. Não me importa como isso acabe, quero que a guerra acabe para que não comecemos novas guerras. Quero que a Ucrânia sobreviva quando a guerra acabar. Quero que Putin não seja supervalorizado pela invasão. Para a China, se você parar de comprar petróleo russo barato e a Índia, a máquina de guerra pararia. O presidente Trump tentou a diplomacia. E eu digo isso, conversei com ele ontem à noite, você fez esforços muito sinceros para trazer Putin à mesa. Acho que ele está jogando um jogo com você e com o mundo inteiro. Agora é hora de mudar o jogo com Putin. Conversei com o presidente Trump ontem à noite. Fiquem ligados. Se não tivermos um avanço em breve, espero que essas sanções passem pelo Senado e pela Câmara. E para a China, se você quer sua economia arruinada, continue comprando petróleo russo barato. Se você quer ser uma nova nação aos olhos do mundo civilizado, mude seu comportamento em relação a Putin e ao aiatolá. Até que você mude seu comportamento, você será visto como um problema, não uma solução. Então, essas sanções virão se Putin não mudar. E para o meu bom amigo, Dick, você tem sido um grande aliado. Se não conseguirmos trazer o aiatolá de volta à mesa de negociações, agora é hora de acabar com seu programa nuclear usando força militar em conjunto com Israel, se necessário. Se errarmos em relação ao Irã, boa sorte com a Rússia.
MARGARET BRENNAN: Senador Blumenthal, o projeto de lei que o senhor apresentou imporá uma tarifa de 500%, pelo que entendi, sobre produtos importados de países que compram petróleo, urânio, gás e outros produtos da Rússia. Isso afetaria a China e a Índia. Os EUA também estão tentando negociar acordos comerciais com eles. Isso está atrapalhando?
SENADOR BLUMENTHAL: Acredito que não há realmente nenhum obstáculo para prosseguirmos com essas sanções devastadoras.
MARGARET BRENNAN: --Mesmo que os preços do petróleo disparem por causa do que está acontecendo no Oriente Médio?
SENADOR BLUMENTHAL: Você sabe que agora somos independentes em termos de energia no que diz respeito ao petróleo, os Estados Unidos. A Europa se livrou do petróleo russo. Conversamos com o Presidente Macron. Conversamos com o Chanceler Mertz. A Europa apoia firmemente essas sanções e incorporamos flexibilidade neste projeto de lei, com base em nossa segurança nacional, para uma possível isenção quando nossos interesses estiverem em jogo de forma imprevisível ou inconsciente neste momento. Incorporamos isenções para nossos aliados europeus que estão ajudando a Ucrânia em bilhões de dólares, dando-lhes um pouco mais de tempo para se ajustarem. Este é um projeto de lei cuidadosamente elaborado...
MARGARET BRENNAN: --Eles obtêm 20% do gás da Rússia.
SEN. GRAHAM: O que ele diz, há três categorias. Se você não está fazendo negócios com a Rússia, não tem com o que se preocupar. Se você está fazendo negócios com a Rússia, mas está ajudando a Ucrânia, tem uma isenção de 270 dias. Se você está fazendo negócios com a Rússia e não está ajudando a Ucrânia, está ferrado. O presidente pode abrir mão de parte de tudo isso com base no nosso interesse nacional, mas para as pessoas que se perguntam se devemos pagar um preço pela nossa liberdade? Já pagamos no passado. Vá para Arlington. Os preços do petróleo vão subir se confrontarmos a Rússia por meio do nosso projeto de lei. Os preços do petróleo vão subir se tentarmos confrontar o Irã por suas ambições nucleares. Mas você paga agora ou paga depois. Se acertarmos com o Irã e fizermos a paz com a Rússia e a Ucrânia, não só os preços do petróleo cairão, como o mundo ficará melhor. Então, essa ideia de ter liberdade e não fazer sacrifícios nunca existiu nem existe agora.
MARGARET BRENNAN: Senador, quero lhe perguntar também sobre o que está acontecendo aqui em casa, com os protestos que temos visto em todo o país, e alguns deles, por vezes, se tornando violentos. Houve críticas às políticas dos democratas em relação à imigração. O senhor acha que esse confronto que estamos vendo agora entre forças militares, forças federais e manifestantes se deve, em parte, ao que os democratas fizeram até agora?
SEN. BLUMENTHAL: O uso de forças militares, seja a Guarda Nacional ou os Fuzileiros Navais, pode ser inflamatório e provocativo. Ontem, tivemos protestos em todo o país, que foram inteiramente pacíficos. Estive em vários deles em Connecticut, em Hartford e Farmington e em outros lugares, por todo o país. Acho que este país sabe como fazer protestos pacíficos, e as exceções devem ser tratadas pela polícia e pelos promotores locais. Passei a maior parte da minha vida na aplicação da lei antes de assumir este cargo. Fui promotor federal chefe em Connecticut, depois procurador-geral por 20 anos, e a dependência das polícias estaduais e locais, acredito, é bem fundamentada. E apoiei, de fato, apresentei um projeto de lei que limitaria o uso da Lei da Insurreição, definiria melhor o que é uma rebelião e obrigaria o presidente a voltar ao Congresso para aprovação se ele usasse esse tipo de força federal. Portanto, acho que há críticas a serem feitas às políticas de imigração. Na verdade, sou a favor de uma reforma imigratória abrangente. Precisamos disso, mas isso é algo separado.
MARGARET BRENNAN: --Mas você chamaria a polícia local para talvez se mobilizar mais e lidar com isso em nível local?
SENADOR BLUMENTHAL: É no nível local que a aplicação da lei acontece neste país. Contamos com a polícia estadual e local, e essa deve ser a forma como aplicamos nossas leis neste país e enfatizamos a importância de protestos pacíficos, como os que vimos ontem em todo o país.
MARGARET BRENNAN: Certo, senadores, obrigada por se juntarem a nós para uma entrevista bipartidária. Raro como dissemos, voltaremos em breve.