O que você precisa saber sobre a COP30, a conferência climática da ONU deste ano.

Pessoas de todo o mundo começam a se reunir na entrada da Amazônia, em Belém, Brasil, para a 30ª edição da Cúpula das Nações Unidas sobre o Clima, a Conferência das Partes, conhecida informalmente como COP30.
O objetivo é simples, mas ambicioso: que os países trabalhem juntos para impedir os piores efeitos das mudanças climáticas causadas pelo homem.
Esse é um objetivo que muitos especialistas dizem estar cada vez mais distante. Mas as consequências são graves. As mudanças climáticas já estão intensificando desastres que significam vida ou morte para bilhões de pessoas em todo o mundo, e adiar a ação só agravará o problema.
Eis o que você precisa saber sobre o COP30.
O foco está nos povos indígenas, nas florestas e na agricultura.
Com a maior floresta tropical do mundo à sua porta, muitos elogiam Belém por estar bem posicionada para destacar o papel dos povos indígenas e da gestão da terra no combate às mudanças climáticas.
Embora muitas COPs anteriores tenham se concentrado principalmente na transição para fontes de energia mais limpas, pesquisas mostram que a transformação dos sistemas alimentares também é imprescindível. Os países também precisam parar de destruir os ecossistemas que absorvem a poluição e protegem os seres humanos de doenças.
O governo brasileiro está liderando uma nova iniciativa chamada Mecanismo Florestas Tropicais para Sempre, um programa criado para recompensar financeiramente os países pela proteção de florestas. Resta saber se os líderes mundiais se comprometerão a investir recursos suficientes para garantir o sucesso do projeto.
Chegar lá — e permanecer lá — tem sido um desafio para muitos.

Antes da conferência, muitos participantes em potencial estavam preocupados com a capacidade da cidade de receber dezenas de milhares de pessoas. Delegados reservaram quartos em navios de cruzeiro no porto. Outros estão se hospedando em motéis de aluguel por hora, e alguns ativistas disseram que poderiam acampar.
A previsão é de tempo extremamente quente e úmido, e por isso o país anfitrião já comunicou aos participantes que o código de vestimenta deve ser um pouco mais informal.
Mas alguns especialistas e moradores locais dizem que qualquer desconforto é um choque de realidade muito necessário, especialmente para aqueles que vêm de países ricos. O governo brasileiro insistiu que a conferência precisava ser realizada em Belém para mostrar o que está em jogo: as comunidades mais pobres são frequentemente mais vulneráveis a desastres agravados pelas mudanças climáticas.
Uma década após o histórico Acordo de Paris, os países estão fora de rumo.
Há dez anos, os países fizeram um acordo histórico no primeiro pacto global para combater as mudanças climáticas.
Desde então, a temperatura anual do planeta já subiu cerca de 0,46 graus Celsius (0,83 graus Fahrenheit), um dos maiores aumentos de temperatura em 10 anos já registrados, de acordo com dados do serviço climático europeu Copernicus. O Acordo de Paris deveria limitar o aquecimento a 1,5 graus Celsius (2,7 graus Fahrenheit) acima da média histórica, mas muitos cientistas agora dizem que é improvável que os países se mantenham abaixo desse limite.
Mas o mundo já fez alguns progressos. A energia renovável é agora mais barata na maioria dos lugares do que o carvão, o petróleo e o gás natural, que são poluentes. E se os países concordarem em fazer o que prometeram até agora, poderão evitar um aquecimento de pouco mais de um grau Celsius. Isso pode não parecer muito, mas cada décimo de grau importa quando se trata dos efeitos em eventos climáticos catastróficos.
Este ano, os países tinham uma tarefa: apresentar seus planos nacionais atualizados para combater as mudanças climáticas. Os Estados Unidos, um dos maiores poluidores do mundo, não apresentarão o seu, tendo abandonado o Acordo de Paris. E muitos especialistas criticaram os planos de outros países por serem insuficientes para alcançar o que é necessário.
Não se espera nenhum acordo histórico. Isso significa que não é nada demais?
Diferentemente do Acordo de Paris, ou mesmo do ano passado, quando os negociadores tentavam chegar a um consenso sobre quanto os países ricos deveriam pagar aos países pobres para se adaptarem às mudanças climáticas, não se espera que as negociações deste ano terminem com um novo acordo ambicioso.
Em vez disso, organizadores e analistas definem a conferência deste ano como a “COP da implementação”.
“Quem vai a Belém perguntando 'qual será o acordo que sairá disso?' está fazendo a pergunta errada”, disse Christiana Figueres, ex-chefe do clima da ONU.
Para que as negociações sejam bem-sucedidas, os líderes mundiais precisam intensificar os esforços e os investimentos em adaptação às mudanças climáticas e destinar bilhões de dólares a iniciativas para prevenir o desmatamento e a degradação do solo, afirmou Suely Vaz, ex-diretora do Ministério do Meio Ambiente do Brasil.
Mas o ministro do Meio Ambiente do Panamá, Juan Carlos Navarro, disse à Associated Press que espera pouco das negociações. Ele afirmou que esses encontros se tornaram “uma orgia de burocratas viajando pelo mundo com uma enorme pegada de carbono e sem alcançar nada”.
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