Petro suspenderá regra fiscal por três anos

Antes do anúncio da decisão do Conselho Superior de Política Fiscal (Confis), foi anunciado que o governo colombiano suspenderia a regra fiscal por três anos, apesar da oposição do Comitê Autônomo de Regras Fiscais (Carf). Isso teria sérios impactos na política monetária e na classificação de crédito do país. A última vez que a regra fiscal foi suspensa foi em 2021, em decorrência da pandemia de COVID-19, permitindo ao governo flexibilidade na aquisição de dívida.
O Plano Financeiro previa um déficit fiscal de 5,1% do PIB em 2025, mas analistas apontam que essa meta não seria atingida devido à superestimação da receita tributária e à recusa em cortar gastos. Segundo cálculos da Corficolombiana, com essa aprovação, o déficit fiscal do país poderia subir para 7,4% este ano. Isso não só seria superior à projeção de fevereiro do Ministério das Finanças, como também o dobro do valor pré-pandemia (a média entre 2016 e 2020 foi de 3,7% do PIB).
"O déficit a ser financiado em 2025 será entre US$ 26 bilhões e US$ 47 bilhões maior do que o projetado no Plano Financeiro, colocando ainda mais pressão sobre as taxas do TES", explicou Corfi.
O deputado Óscar Darío Pérez, da Câmara dos Representantes, declarou que as consequências da decisão, sem quaisquer eventos catastróficos subsequentes que justificassem tal decisão da Confis, "são absolutamente contraproducentes para a Colômbia".
Isso, sem dúvida, nos tornará mais sensíveis ao risco-país. O investimento estrangeiro hesitará muito mais em vir para o país, como se já não o fizesse. O financiamento para os setores público e privado será muito mais difícil e caro, e a verdade é que corremos um risco enorme de ter nossa classificação de crédito rebaixada ainda mais. Isso é absolutamente inapropriado, é irresponsável", explicou Pérez.
A recente decisão do governo gerou uma onda de críticas e preocupações de importantes sindicatos e especialistas econômicos, que alertam para os riscos à estabilidade financeira do país. Ex-ministros das Finanças alertam que essa decisão levaria a uma possível perda da classificação de crédito, bem como à impossibilidade de acesso a empréstimos de bancos multilaterais e à perda de credibilidade nos mercados internacionais. Segundo José Manuel Restrepo, ex-ministro das Finanças e diretor da Agência de Avaliação de Impacto Ambiental (EIA), a suspensão da regra fiscal levaria a um rebaixamento da classificação de crédito pela Moody's, a única agência de classificação de risco que ainda não rebaixou o grau de investimento da Colômbia; atualmente, ele está em Baa2.
José Antonio Ocampo, ex-chefe do Tesouro, observou que o país perderia o acesso ao crédito flexível do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Perderemos o acesso ao crédito flexível; o governo não pretendia usá-lo, mas ele não deve ser perdido. Ele é concedido a países que se destacam pela solidez de seus fundamentos macroeconômicos", disse Ocampo.
Possível ação judicial contra o Governo
O presidente do Conselho Nacional Sindical, Camilo Sánchez, anunciou uma possível ação judicial contra o governo pela suspensão da regra fiscal. Sánchez comentou que o Conselho Sindical ainda está analisando a possibilidade. "O crédito ficará mais caro para nós, e as agências de classificação de risco rebaixarão nossa classificação. Isso faz com que o setor produtivo perca lucratividade, mesmo sem fazer nada de errado", explicou.
Eleconomista