Zelensky: EUA redirecionaram 20.000 mísseis da Ucrânia para o Oriente Médio

O governo do presidente dos EUA, Donald Trump, redirecionou 20.000 mísseis destinados à Ucrânia para o Oriente Médio para combater drones russos, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em uma entrevista à televisão americana ABC News publicada no domingo.
Conforme relatado por ele, durante a presidência de Joe Biden, a Ucrânia e os Estados Unidos concordaram que 20.000 mísseis seriam entregues a Kiev, necessários para abater os drones Shahed, que a Rússia usa para atacar a Ucrânia. "Não era caro, mas se tratava de tecnologia especial", continuou.
Ele ressaltou que a Ucrânia contava com a entrega desses mísseis, mas nos últimos dias soube que os EUA os redirecionaram para o Oriente Médio.
Na quarta-feira, o jornal americano "Wall Street Journal" escreveu que o governo do presidente dos EUA está redirecionando importantes fusíveis de mísseis destinados à Ucrânia para as forças americanas no Oriente Médio. Essa medida indica o comprometimento cada vez menor do Pentágono com a defesa da Ucrânia, avaliou o "WSJ".
Os defensores da medida apontam que o Pentágono tem a capacidade de fazê-lo sob uma lei de gastos militares emergenciais aprovada no ano passado. Membros pró-Ucrânia do Congresso dizem que o Pentágono não explicou qual o efeito da medida na defesa da Ucrânia ou se a necessidade da Força Aérea é urgente.
Em uma conversa de quase uma hora com a ABC, Zelensky também avaliou, entre outras coisas, que "nas condições atuais, é impossível para Putin vencer esta guerra". No entanto, isso pode acontecer se o Ocidente parar de apoiar Kiev. "Putin só poderá vencer se for uma guerra muito longa, de vários anos, e se não houver sanções", enfatizou. Ele também observou que, sem o apoio americano, as perdas do lado ucraniano aumentariam significativamente.
Donald Trump acredita — e ele também disse isso publicamente — que a Rússia vencerá a guerra com a Ucrânia, disse Zelensky, avaliando que "não é uma vitória quando você perde um milhão de vidas humanas para ganhar vários milhares de quilômetros de território".
Zelensky acrescentou que "gostaria de acreditar" que suas relações com o presidente dos EUA haviam melhorado após o encontro presencial no Vaticano em abril. Ele lamentou não ter tido contato suficiente com Trump. "Quinze minutos no Vaticano, cara a cara, fizeram mais (para construir confiança) do que um encontro com muitas pessoas presentes no Salão Oval", admitiu, referindo-se à discussão entre os líderes na Casa Branca em fevereiro.
O presidente ucraniano observou que discorda da opinião de Trump de que Vladimir Putin deseja a paz. "Com todo o respeito ao presidente Trump, é claro que acho que esta é a opinião pessoal dele. (...) Estou convencido de que Putin não quer acabar com esta guerra. Na sua opinião, é impossível acabar com esta guerra sem a derrota da Ucrânia", acrescentou.
Zelensky também se referiu à operação das forças especiais ucranianas, de codinome "Spiderweb", na qual drones atacaram aeroportos militares russos. "Temos que preparar esses planos. E não paramos (de fazer isso), porque não sabemos o que esperar dos russos no dia seguinte", acrescentou.
"Chegamos muito perto do momento em que podemos forçar a Rússia a encerrar ou pelo menos interromper a guerra. Sentimos isso", enfatizou o presidente ucraniano. "Putin não quer acabar com a guerra, mas pode fazê-lo graças à pressão de seus parceiros", concluiu.
De Washington, Natalia Dziurdzińska (PAP)
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