Esquema com Ultrafarma e Fast Shop: o que foi descoberto até agora

Sidney Oliveira, o rosto conhecido por trás da Ultrafarma, uma das maiores redes de farmácias do país, foi preso na manhã desta terça-feira (12) em uma operação do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
O empresário, famoso por popularizar o conceito de "remédio barato", é um dos alvos da Operação Ícaro, que investiga um suposto esquema de corrupção que teria movimentado mais de R$ 1 bilhão em propina para um auditor fiscal.
Além de Sidney Oliveira, foram presos Mario Otávio Gomes, diretor da Fast Shop, e o próprio auditor, apontado como o principal operador do esquema.
Governo de SP apuraA Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo pediu, na manhã desta terça-feira (12), que o MPSP (Ministério Público de São Paulo) compartilhe todas as informações pertinentes ao caso.
O governo paulista também informou ter aberto procedimento administrativo para a conduta do servidor acusado de envolvimento no esquema.
A nota divulgada pela Secretaria da Fazenda informa que o órgão está à disposição das autoridades e colaborará com os desdobramentos da investigação do Ministério Público por meio da Corfisp (Corregedoria da Fiscalização Tributária).
Esquema rendeu R$ 1 bi em propinaSegundo as apurações, o esquema teria rendido mais de R$ 1 bilhão em propina ao fiscal. A operação foi deflagrada pelo GEDEC (Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) e visa desarticular um grupo criminoso responsável por favorecer empresas do setor varejista.
Segundo o MP, o fiscal estadual manipulava processos administrativos para facilitar a quitação de créditos tributários. Em contrapartida, recebia pagamentos mensais por meio de uma empresa registrada em nome de sua mãe.
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A decisão judicial obtida pela CNN aponta que a consultoria fiscal fundada pelo auditor da Receita Estadual de São Paulo Artur Gomes da Silva Neto, em conjunto com sua mãe, teve um salto de patrimônio em dois anos de R$ 411 mil para R$ 2 bilhões.
Acusações e crimes investigadosSegundo a acusação da Operação Ícaro, o esquema envolvia a liberação indevida de créditos de ICMS em troca de propina, que era lavada por meio de uma empresa de consultoria em nome da mãe do fiscal, cujo patrimônio saltou para R$ 2 bilhões.
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No centro do esquema está Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal da Receita Estadual, que ocupava um cargo de importância na Secretaria da Fazenda. Ele é apontado como o principal operador, utilizando sua posição para conceder benefícios fiscais indevidos a grandes empresas do varejo.
Para receber a propina, Artur utilizava a empresa Smart Tax Consultoria e Auditoria Tributária Ltda., registrada em nome de sua mãe, Kimio Mizukami da Silva, uma professora aposentada de 73 anos que não prestava os serviços. A evolução patrimonial de Kimio é um dos pontos cruciais da investigação.
Em nota, a Fast Shop disse que ainda não teve acesso ao conteúdo da investigação e está colaborando com o fornecimento de informações às autoridades competentes.
A CNN entrou em contato com a Ultrafarma e com as defesa de Sidney Oliveira, Mario Otávio Gomes e Artur Gomes da Silva Neto, mas ainda não houve retorno. O espaço segue aberto.
Quem é Sidney OliveiraA trajetória de Sidney Oliveira é relatada pelo empresário em diversos depoimentos, que contam sua origem humilde no Paraná. Sidney é o mais velho de 11 filhos, e relata que começou a trabalhar aos sete anos como engraxate.
Aos 17 anos, ele conta que adquiriu seu primeiro posto de medicamento e, pouco depois, mudou-se para São Paulo, onde o potencial de mercado era maior.
Em 2000, fundou a Ultrafarma, mudando a dinâmica do setor farmacêutico com uma agressiva política de preços baixos. Segundo ele, a estratégia consiste em negociar diretamente com os laboratórios, eliminando intermediários para garantir custos menores e repassar a economia aos consumidores.
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Sob o comando de Sidney Oliveira, a Ultrafarma expandiu seus negócios para além da venda de medicamentos. A empresa se tornou uma das líderes nacionais na venda de vitaminas e suplementos.
Quem é o diretor da Fast ShopMario Otávio Gomes atuava como diretor estatutário há mais de 10 anos na Fast Shop, além dos mais de 30 anos de empresa, e teria facilitado a contratação da Smart Tecs para, supostamente, prestar serviços tributários.
Ele é apontado como o principal responsável dentro da Fast Shop por negociar o contrato, por meio do qual a propina era paga ao auditor da Receita Estadual de São Paulo, Artur Gomes da Silva Neto.
No mesmo período da transação bilionária, mais de 200 mensagens entre Mario e o auditor, relacionadas aos serviços criminosos prestados por ele.
*Publicado por Thomaz Coelho
CNN Brasil