Prémios Acesso Cultura distinguem nove projetos por boas práticas um deles no Brasil

Os Prémios Acesso Cultura distinguiram este ano nove projetos - com quatro prémios e cinco menções honrosas - pelas "políticas exemplares" e "boas práticas" na promoção da melhoria das condições da acessibilidade cultural, anunciou hoje a organização, em Lisboa. O Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2025 foi entregue à Get Art–Associação Regional para a Promoção e Gestão Cultural, nos Açores, a Associação de Amigos do Coliseu do Porto e ao encenador André Murraças, enquanto o Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara foi atribuído ao LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, com uma menção honrosa para o Museu do Ipiranga, no Brasil. O anúncio do palmarés decorreu numa cerimónia realizada ao final da tarde, no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. O Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2025 foi para a Get Art - Associação Regional para a Promoção e Gestão Cultural, pelo Programa de Residências Artísticas A.T.I.T.U.D.E. #ArtForChange, um projeto desenvolvido nos Açores que promove a inclusão social através da arte. "Esperamos que a atribuição deste prémio possa contribuir para a continuação do trabalho [da Get Art], de modo a poderem alcançar, em breve, as restantes ilhas açorianas, para benefício das pessoas marginalizadas e da sociedade em geral", assinala o júri na justificação. A Associação de Amigos do Coliseu do Porto foi outro dos premiados, pelo projeto “ELO”, iniciado em 2023, com o Serviço Educativo e a Irmandade dos Clérigos, no objetivo de “unir diferentes disciplinas artísticas (música, teatro, dança e 'storytelling') a diferentes pessoas, muitas vezes excluídas”. A iniciativa juntou artistas e públicos bastante diversos, como seniores e pessoas com deficiência institucionalizadas, alunos e professores do Agrupamento de Escolas Pêro Vaz de Caminha e, ainda, reclusos, guardas e técnicos do Estabelecimento Prisional do Porto. André Murraças foi também distinguido nesta categoria pelo projeto “O Museu Fora do Armário”, ao realizar uma releitura de obras de arte, pondo em discussão questões de género e de sexualidade “reveladoras de significados anteriormente ocultos por tabus sociais”, nomeadamente a palavra 'queer', que uma parte da sociedade ainda considera “ofensiva em todo e qualquer contexto”. O júri considerou o projeto de André Murraças “uma iniciativa sintomática de uma sociedade progressista, saudável e plural” ao dar a conhecer “importantes histórias de pessoas cujas vidas não foram vividas na sua plenitude, de luta e ativismo por uma sociedade equitativa e livre, e de objetos artísticos perdidos em reservas museológicas”. Nesta categoria, foi atribuída uma menção honrosa à Companhia de Teatro Gato Escaldado, pelo projeto “DIVA: Diversidade, Inclusão e Visibilidade nas Artes” para pessoas com deficiência, e uma especial referência à inclusão de públicos e artistas de diferentes origens sociais e identificações de género. Outros aspetos considerados relevantes pelo júri foram a inclusão de artistas com deficiência e a sua apresentação na digressão internacional, a capacidade de envolvimento de um consórcio relevante (Portugal, Grécia e Polónia) e a produção de apresentações que permitem alcançar outros públicos, através da inclusão da língua gestual e da audiodescrição. Outra menção honrosa foi para o Museu da Chapelaria, em São João da Madeira, pelo Fraldário Acessível, aberto aos bebés de pais que queriam usufruir de espaços culturais, mas também a todas as pessoas, independentemente da sua idade ou género que dele necessitem. “É uma defesa simples, direta e necessária de equidade. É um manifesto silencioso e justo pelo direito à parentalidade e pelo acesso digno a fraldários — sem limite de idade, sem género específico — e pelo pleno usufruto da cultura”, justificou o júri, considerando a iniciativa “inovadora”. Também a empresa Óscar Pedrosa Unipessoal, proprietária da Desmuro Editora, criada em 2024, recebeu uma menção honrosa por uma iniciativa considerada “um gesto político de justiça”. A editora promove “uma política clara e corajosa: 20% do preço de capa é pago à autora, outros 20% à artista visual, e todas as pessoas envolvidas na produção recebem de forma justa. Os livros são distribuídos exclusivamente em livrarias independentes, com condições de consignação e margens éticas”, indicou a organização. Mais uma menção honrosa coube a Tita Maravilha pelo Precarias: Festival de Performance criado para pessoas artistas “trans, 'queer', travestis, não-binárias, não-brancas, mulheridades e imigrantes” interessadas em questionar estruturas de poder, em criar novas linguagens e em dar visibilidade a histórias e a corpos marginalizados. “O Precarias desafia o paradigma institucional, expondo a precariedade sistémica, não enquanto subterfúgio ou vitimização, mas como motor de criação de estruturas de apoio político, financeiro e de cuidado para com estes corpos reprimidos, dissidentes e diaspóricos – corpos que programam a sua sobrevivência, que inventam espaços seguros de exploração artística, que ousam ser felizes”, justificou o júri. Quanto ao Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara, foi atribuído ao LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, pelo “Guia para pensar sobre uma assembleia de Assembleias”, elaborado para a exposição “Uma assembleia de Assembleias”, incentivando a exploração e a reflexão sobre as obras expostas naquele espaço cultural. Este guia é composto por recriações feitas por ilustradores nacionais a partir do hemiciclo do Palácio de São Bento, integrando a coleção de livros “Missão: Democracia” da Assembleia da República. Nesta categoria, houve uma menção honrosa atribuída ao Museu do Ipiranga, no Brasil – encerrado durante nove anos para obras de restauro e ampliação - pelo texto “Coisas para trabalhar e coisas para decorar”. É a primeira vez que a Acesso Cultura recebe uma candidatura de outro país, indicou a diretora executiva, Maria Vlachou, à Lusa: "Para o ano vamos alargar o regulamento nesta categoria a todos os países de língua oficial portuguesa". O projeto “Coisas para trabalhar e coisas para decorar” do Museu do Ipiranga mereceu esta distinção “pelo modo como aliou clareza textual e acessibilidade sensorial, com os visitantes a serem convidados a tocar nos objetos — ferros de passar, bibelôs delicados — e a pensar com as mãos sobre o peso do trabalho e a leveza simbólica do luxo”. O júri dos prémios foi composto pela antropóloga e investigadora Cristina Santinho, Isabel Bastos, historiadora de arte e museóloga, e Joana Reais, cantora e pesquisadora artística, membro da direção da Acesso Cultura. A 11.ª edição da Semana Acesso Cultura decorre até domingo para refletir em torno do que é o acesso, a inclusão e a equidade com encontros, debates e abertura de portas aos bastidores de várias entidades participantes. Na terça-feira realiza-se na Biblioteca de Alcântara, em Lisboa, um encontro sobre a forma como os media moldam valores culturais, em colaboração com a Associação Literacia para os Media e Jornalismo, e, no domingo, em Portalegre, está previsto um debate sobre os direitos culturais das crianças, organizado em colaboração com UMCOLETIVO, com moderação pelo artista Ricardo Guerreiro Campos. A Acesso Cultura é uma associação cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública, que promove o acesso - físico, social, intelectual - à participação cultural.
Fundada em 2013, conta atualmente com 156 membros ativos, desde profissionais da cultura e organizações culturais, e procura cumprir a sua missão através de cursos de capacitação e seminários, uma conferência anual, debates públicos, consultorias na área de acessibilidade, prémios de boas práticas, estudos e publicações.
Os Prémios Acesso Cultura distinguiram este ano nove projetos - com quatro prémios e cinco menções honrosas - pelas "políticas exemplares" e "boas práticas" na promoção da melhoria das condições da acessibilidade cultural, anunciou hoje a organização, em Lisboa. O Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2025 foi entregue à Get Art–Associação Regional para a Promoção e Gestão Cultural, nos Açores, a Associação de Amigos do Coliseu do Porto e ao encenador André Murraças, enquanto o Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara foi atribuído ao LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, com uma menção honrosa para o Museu do Ipiranga, no Brasil. O anúncio do palmarés decorreu numa cerimónia realizada ao final da tarde, no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. O Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2025 foi para a Get Art - Associação Regional para a Promoção e Gestão Cultural, pelo Programa de Residências Artísticas A.T.I.T.U.D.E. #ArtForChange, um projeto desenvolvido nos Açores que promove a inclusão social através da arte. "Esperamos que a atribuição deste prémio possa contribuir para a continuação do trabalho [da Get Art], de modo a poderem alcançar, em breve, as restantes ilhas açorianas, para benefício das pessoas marginalizadas e da sociedade em geral", assinala o júri na justificação. A Associação de Amigos do Coliseu do Porto foi outro dos premiados, pelo projeto “ELO”, iniciado em 2023, com o Serviço Educativo e a Irmandade dos Clérigos, no objetivo de “unir diferentes disciplinas artísticas (música, teatro, dança e 'storytelling') a diferentes pessoas, muitas vezes excluídas”. A iniciativa juntou artistas e públicos bastante diversos, como seniores e pessoas com deficiência institucionalizadas, alunos e professores do Agrupamento de Escolas Pêro Vaz de Caminha e, ainda, reclusos, guardas e técnicos do Estabelecimento Prisional do Porto. André Murraças foi também distinguido nesta categoria pelo projeto “O Museu Fora do Armário”, ao realizar uma releitura de obras de arte, pondo em discussão questões de género e de sexualidade “reveladoras de significados anteriormente ocultos por tabus sociais”, nomeadamente a palavra 'queer', que uma parte da sociedade ainda considera “ofensiva em todo e qualquer contexto”. O júri considerou o projeto de André Murraças “uma iniciativa sintomática de uma sociedade progressista, saudável e plural” ao dar a conhecer “importantes histórias de pessoas cujas vidas não foram vividas na sua plenitude, de luta e ativismo por uma sociedade equitativa e livre, e de objetos artísticos perdidos em reservas museológicas”. Nesta categoria, foi atribuída uma menção honrosa à Companhia de Teatro Gato Escaldado, pelo projeto “DIVA: Diversidade, Inclusão e Visibilidade nas Artes” para pessoas com deficiência, e uma especial referência à inclusão de públicos e artistas de diferentes origens sociais e identificações de género. Outros aspetos considerados relevantes pelo júri foram a inclusão de artistas com deficiência e a sua apresentação na digressão internacional, a capacidade de envolvimento de um consórcio relevante (Portugal, Grécia e Polónia) e a produção de apresentações que permitem alcançar outros públicos, através da inclusão da língua gestual e da audiodescrição. Outra menção honrosa foi para o Museu da Chapelaria, em São João da Madeira, pelo Fraldário Acessível, aberto aos bebés de pais que queriam usufruir de espaços culturais, mas também a todas as pessoas, independentemente da sua idade ou género que dele necessitem. “É uma defesa simples, direta e necessária de equidade. É um manifesto silencioso e justo pelo direito à parentalidade e pelo acesso digno a fraldários — sem limite de idade, sem género específico — e pelo pleno usufruto da cultura”, justificou o júri, considerando a iniciativa “inovadora”. Também a empresa Óscar Pedrosa Unipessoal, proprietária da Desmuro Editora, criada em 2024, recebeu uma menção honrosa por uma iniciativa considerada “um gesto político de justiça”. A editora promove “uma política clara e corajosa: 20% do preço de capa é pago à autora, outros 20% à artista visual, e todas as pessoas envolvidas na produção recebem de forma justa. Os livros são distribuídos exclusivamente em livrarias independentes, com condições de consignação e margens éticas”, indicou a organização. Mais uma menção honrosa coube a Tita Maravilha pelo Precarias: Festival de Performance criado para pessoas artistas “trans, 'queer', travestis, não-binárias, não-brancas, mulheridades e imigrantes” interessadas em questionar estruturas de poder, em criar novas linguagens e em dar visibilidade a histórias e a corpos marginalizados. “O Precarias desafia o paradigma institucional, expondo a precariedade sistémica, não enquanto subterfúgio ou vitimização, mas como motor de criação de estruturas de apoio político, financeiro e de cuidado para com estes corpos reprimidos, dissidentes e diaspóricos – corpos que programam a sua sobrevivência, que inventam espaços seguros de exploração artística, que ousam ser felizes”, justificou o júri. Quanto ao Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara, foi atribuído ao LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, pelo “Guia para pensar sobre uma assembleia de Assembleias”, elaborado para a exposição “Uma assembleia de Assembleias”, incentivando a exploração e a reflexão sobre as obras expostas naquele espaço cultural. Este guia é composto por recriações feitas por ilustradores nacionais a partir do hemiciclo do Palácio de São Bento, integrando a coleção de livros “Missão: Democracia” da Assembleia da República. Nesta categoria, houve uma menção honrosa atribuída ao Museu do Ipiranga, no Brasil – encerrado durante nove anos para obras de restauro e ampliação - pelo texto “Coisas para trabalhar e coisas para decorar”. É a primeira vez que a Acesso Cultura recebe uma candidatura de outro país, indicou a diretora executiva, Maria Vlachou, à Lusa: "Para o ano vamos alargar o regulamento nesta categoria a todos os países de língua oficial portuguesa". O projeto “Coisas para trabalhar e coisas para decorar” do Museu do Ipiranga mereceu esta distinção “pelo modo como aliou clareza textual e acessibilidade sensorial, com os visitantes a serem convidados a tocar nos objetos — ferros de passar, bibelôs delicados — e a pensar com as mãos sobre o peso do trabalho e a leveza simbólica do luxo”. O júri dos prémios foi composto pela antropóloga e investigadora Cristina Santinho, Isabel Bastos, historiadora de arte e museóloga, e Joana Reais, cantora e pesquisadora artística, membro da direção da Acesso Cultura. A 11.ª edição da Semana Acesso Cultura decorre até domingo para refletir em torno do que é o acesso, a inclusão e a equidade com encontros, debates e abertura de portas aos bastidores de várias entidades participantes. Na terça-feira realiza-se na Biblioteca de Alcântara, em Lisboa, um encontro sobre a forma como os media moldam valores culturais, em colaboração com a Associação Literacia para os Media e Jornalismo, e, no domingo, em Portalegre, está previsto um debate sobre os direitos culturais das crianças, organizado em colaboração com UMCOLETIVO, com moderação pelo artista Ricardo Guerreiro Campos. A Acesso Cultura é uma associação cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública, que promove o acesso - físico, social, intelectual - à participação cultural.
Fundada em 2013, conta atualmente com 156 membros ativos, desde profissionais da cultura e organizações culturais, e procura cumprir a sua missão através de cursos de capacitação e seminários, uma conferência anual, debates públicos, consultorias na área de acessibilidade, prémios de boas práticas, estudos e publicações.
Os Prémios Acesso Cultura distinguiram este ano nove projetos - com quatro prémios e cinco menções honrosas - pelas "políticas exemplares" e "boas práticas" na promoção da melhoria das condições da acessibilidade cultural, anunciou hoje a organização, em Lisboa. O Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2025 foi entregue à Get Art–Associação Regional para a Promoção e Gestão Cultural, nos Açores, a Associação de Amigos do Coliseu do Porto e ao encenador André Murraças, enquanto o Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara foi atribuído ao LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, com uma menção honrosa para o Museu do Ipiranga, no Brasil. O anúncio do palmarés decorreu numa cerimónia realizada ao final da tarde, no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. O Prémio Acesso Cultura – Mickaella Dantas 2025 foi para a Get Art - Associação Regional para a Promoção e Gestão Cultural, pelo Programa de Residências Artísticas A.T.I.T.U.D.E. #ArtForChange, um projeto desenvolvido nos Açores que promove a inclusão social através da arte. "Esperamos que a atribuição deste prémio possa contribuir para a continuação do trabalho [da Get Art], de modo a poderem alcançar, em breve, as restantes ilhas açorianas, para benefício das pessoas marginalizadas e da sociedade em geral", assinala o júri na justificação. A Associação de Amigos do Coliseu do Porto foi outro dos premiados, pelo projeto “ELO”, iniciado em 2023, com o Serviço Educativo e a Irmandade dos Clérigos, no objetivo de “unir diferentes disciplinas artísticas (música, teatro, dança e 'storytelling') a diferentes pessoas, muitas vezes excluídas”. A iniciativa juntou artistas e públicos bastante diversos, como seniores e pessoas com deficiência institucionalizadas, alunos e professores do Agrupamento de Escolas Pêro Vaz de Caminha e, ainda, reclusos, guardas e técnicos do Estabelecimento Prisional do Porto. André Murraças foi também distinguido nesta categoria pelo projeto “O Museu Fora do Armário”, ao realizar uma releitura de obras de arte, pondo em discussão questões de género e de sexualidade “reveladoras de significados anteriormente ocultos por tabus sociais”, nomeadamente a palavra 'queer', que uma parte da sociedade ainda considera “ofensiva em todo e qualquer contexto”. O júri considerou o projeto de André Murraças “uma iniciativa sintomática de uma sociedade progressista, saudável e plural” ao dar a conhecer “importantes histórias de pessoas cujas vidas não foram vividas na sua plenitude, de luta e ativismo por uma sociedade equitativa e livre, e de objetos artísticos perdidos em reservas museológicas”. Nesta categoria, foi atribuída uma menção honrosa à Companhia de Teatro Gato Escaldado, pelo projeto “DIVA: Diversidade, Inclusão e Visibilidade nas Artes” para pessoas com deficiência, e uma especial referência à inclusão de públicos e artistas de diferentes origens sociais e identificações de género. Outros aspetos considerados relevantes pelo júri foram a inclusão de artistas com deficiência e a sua apresentação na digressão internacional, a capacidade de envolvimento de um consórcio relevante (Portugal, Grécia e Polónia) e a produção de apresentações que permitem alcançar outros públicos, através da inclusão da língua gestual e da audiodescrição. Outra menção honrosa foi para o Museu da Chapelaria, em São João da Madeira, pelo Fraldário Acessível, aberto aos bebés de pais que queriam usufruir de espaços culturais, mas também a todas as pessoas, independentemente da sua idade ou género que dele necessitem. “É uma defesa simples, direta e necessária de equidade. É um manifesto silencioso e justo pelo direito à parentalidade e pelo acesso digno a fraldários — sem limite de idade, sem género específico — e pelo pleno usufruto da cultura”, justificou o júri, considerando a iniciativa “inovadora”. Também a empresa Óscar Pedrosa Unipessoal, proprietária da Desmuro Editora, criada em 2024, recebeu uma menção honrosa por uma iniciativa considerada “um gesto político de justiça”. A editora promove “uma política clara e corajosa: 20% do preço de capa é pago à autora, outros 20% à artista visual, e todas as pessoas envolvidas na produção recebem de forma justa. Os livros são distribuídos exclusivamente em livrarias independentes, com condições de consignação e margens éticas”, indicou a organização. Mais uma menção honrosa coube a Tita Maravilha pelo Precarias: Festival de Performance criado para pessoas artistas “trans, 'queer', travestis, não-binárias, não-brancas, mulheridades e imigrantes” interessadas em questionar estruturas de poder, em criar novas linguagens e em dar visibilidade a histórias e a corpos marginalizados. “O Precarias desafia o paradigma institucional, expondo a precariedade sistémica, não enquanto subterfúgio ou vitimização, mas como motor de criação de estruturas de apoio político, financeiro e de cuidado para com estes corpos reprimidos, dissidentes e diaspóricos – corpos que programam a sua sobrevivência, que inventam espaços seguros de exploração artística, que ousam ser felizes”, justificou o júri. Quanto ao Prémio Acesso Cultura – Linguagem Clara, foi atribuído ao LU.CA – Teatro Luís de Camões, em Lisboa, pelo “Guia para pensar sobre uma assembleia de Assembleias”, elaborado para a exposição “Uma assembleia de Assembleias”, incentivando a exploração e a reflexão sobre as obras expostas naquele espaço cultural. Este guia é composto por recriações feitas por ilustradores nacionais a partir do hemiciclo do Palácio de São Bento, integrando a coleção de livros “Missão: Democracia” da Assembleia da República. Nesta categoria, houve uma menção honrosa atribuída ao Museu do Ipiranga, no Brasil – encerrado durante nove anos para obras de restauro e ampliação - pelo texto “Coisas para trabalhar e coisas para decorar”. É a primeira vez que a Acesso Cultura recebe uma candidatura de outro país, indicou a diretora executiva, Maria Vlachou, à Lusa: "Para o ano vamos alargar o regulamento nesta categoria a todos os países de língua oficial portuguesa". O projeto “Coisas para trabalhar e coisas para decorar” do Museu do Ipiranga mereceu esta distinção “pelo modo como aliou clareza textual e acessibilidade sensorial, com os visitantes a serem convidados a tocar nos objetos — ferros de passar, bibelôs delicados — e a pensar com as mãos sobre o peso do trabalho e a leveza simbólica do luxo”. O júri dos prémios foi composto pela antropóloga e investigadora Cristina Santinho, Isabel Bastos, historiadora de arte e museóloga, e Joana Reais, cantora e pesquisadora artística, membro da direção da Acesso Cultura. A 11.ª edição da Semana Acesso Cultura decorre até domingo para refletir em torno do que é o acesso, a inclusão e a equidade com encontros, debates e abertura de portas aos bastidores de várias entidades participantes. Na terça-feira realiza-se na Biblioteca de Alcântara, em Lisboa, um encontro sobre a forma como os media moldam valores culturais, em colaboração com a Associação Literacia para os Media e Jornalismo, e, no domingo, em Portalegre, está previsto um debate sobre os direitos culturais das crianças, organizado em colaboração com UMCOLETIVO, com moderação pelo artista Ricardo Guerreiro Campos. A Acesso Cultura é uma associação cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública, que promove o acesso - físico, social, intelectual - à participação cultural.
Fundada em 2013, conta atualmente com 156 membros ativos, desde profissionais da cultura e organizações culturais, e procura cumprir a sua missão através de cursos de capacitação e seminários, uma conferência anual, debates públicos, consultorias na área de acessibilidade, prémios de boas práticas, estudos e publicações.
Diario de Aveiro