Canadá diz que negociações com EUA serão retomadas

O imposto, fixado em 3% sobre as receitas geradas por utilizadores canadianos, visava empresas como Amazon, Google, Meta, Uber e Airbnb. A medida teria efeitos retroativos, resultando numa fatura estimada em dois mil milhões de dólares norte-americanos (1,7 mil milhões de euros) para as empresas dos EUA, a pagar até ao final do mês.
Citado pela agência Associated Press, Daniel Béland, professor de Ciência Política na Universidade McGill, em Montreal, considerou o recuo de Carney uma “vitória clara” para Trump. “Este passo poderia tornar-se inevitável no contexto das negociações comerciais entre o Canadá e os EUA, mas o primeiro-ministro Carney agiu agora para apaziguar Trump e garantir a retoma das conversações, o que é uma vitória clara tanto para a Casa Branca como para os gigantes tecnológicos”, comentou Béland.
Para o académico, a decisão transmite uma imagem de vulnerabilidade de Carney face à pressão de Trump: “O Presidente Trump forçou Carney a fazer exatamente aquilo que as grandes tecnológicas pretendiam. Os executivos destas empresas nos EUA ficarão muito satisfeitos com o desfecho”.
O ministro das Finanças canadiano, François-Philippe Champagne, falou também no domingo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. “A anulação do imposto sobre os serviços digitais permitirá avanços cruciais nas negociações para uma nova relação económica e de segurança com os Estados Unidos”, afirmou Champagne.
A decisão de Trump na sexta-feira representou mais um episódio da guerra comercial que o Presidente tem promovido desde que iniciou o seu segundo mandato, em janeiro. O relacionamento com o Canadá tem sido marcado por altos e baixos, incluindo declarações provocatórias em que Trump sugeriu repetidamente que o vizinho do norte poderia vir a ser absorvido como um novo estado norte-americano.
Entre os temas em negociação estão os pesados impostos sobre produtos canadianos impostos por Trump, incluindo tarifas de 50% sobre o aço e o alumínio e de 25% sobre os automóveis. Além disso, existe uma taxa de 10% sobre a maioria das importações, que poderá ser agravada a partir de 9 de julho, com o fim do prazo de 90 dias fixado pelo Presidente.
O Canadá e o México enfrentam ainda tarifas adicionais, até 25%, impostas sob o pretexto de combater o tráfico de fentanil. Alguns produtos continuam, no entanto, protegidos ao abrigo do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), assinado durante o primeiro mandato de Trump, em 2020.
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