Como as empresas estão usando o consórcio para quitar dívidas

Resumo Empresas brasileiras estão utilizando consórcios como estratégia para trocar dívidas com juros altos por parcelas mais acessíveis, através da carta de crédito contemplada, planejando finanças sem a liquidez imediata oferecida por financiamentos tradicionais.
Com o crédito tradicional cada vez mais caro, muitas empresas brasileiras estão adotando diferentes alternativas para reorganizar seus passivos: o consórcio. A chamada "troca de dívidas" por meio dessa modalidade tem se tornado uma estratégia recorrente para quitar financiamentos com juros altos e manter a saúde do caixa. Na Maestria, empresa especializada em consórcio e produtos financeiros no B2B há 11 anos, houve um aumento de 30% na busca de empreendedores por esse tipo de consórcio.
Segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), a participação de pessoas jurídicas nos consórcios representa cerca de 18% nos último relatório divulgado em 2025. O avanço é puxado especialmente por setores como transporte, construção civil, agronegócio e serviços, onde empresas têm utilizado o crédito contemplado para substituir dívidas mais onerosas por parcelas sem juros.
A empresa adquire uma cota de consórcio compatível com o valor da dívida que deseja quitar, seja de um caminhão, imóvel, equipamento ou até mesmo veículo leve. A diferença é que ao invés de pagar juros, ela paga pela taxa administrativa que, em muitos casos, é 10 vezes menor que as taxas de financiamento.
Cléber Gomes, CEO e sócio–fundador da Maestria, conta que a empresa movimenta, em média, R$ 100 milhões todos os meses. Cerca de R$ 30 milhões é adquirido para troca de dívidas, ou seja, dos consórcios realizados mensalmente, 30% é destinado para seguir essa abordagem:
"Essa é uma estratégia que os empreendedores estão buscando com o objetivo de driblar a taxa de juros. A ideia é que a empresa entre em um consórcio com valor semelhante ao da dívida que possui. Ao ser contemplada, utiliza a carta de crédito para quitar esse débito, mas sem os juros elevados de um financiamento tradicional."
Ao adotar essa tática, é preciso entender que o consórcio não oferece liquidez imediata, já que a contemplação depende de sorteio ou lance. Por isso, é preciso que seja usado de forma planejada, preferencialmente quando a empresa tem prazo para renegociar ou amortizar a dívida atual.
“Para empresas com fluxo de caixa mais estável, é possível ainda usar o lance como ferramenta estratégica: utilizando parte do capital próprio para antecipar a contemplação e acelerar a troca da dívida”, diz o CEO de Maestria.
Mais do que uma simples troca de dívidas, o consórcio começa a ser visto como um mecanismo de planejamento financeiro. Em vez de se comprometer com financiamentos caros, empresas optam por consórcios para formar patrimônio de maneira programada e eficiente, inclusive já prevendo futuras aquisições ou renovações de frota.
(*) Homework inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.
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