Juros de longo prazo voltam a níveis de 2011. Europa em alerta

Os mercados financeiros iniciaram setembro sob pressão dos títulos de dívida soberana, destaca Henrique Valente, analista da ActivTrades.
“Os juros de longo prazo voltaram a níveis não vistos desde a crise de 2011, refletindo receios com a sustentabilidade das contas públicas na Europa. A instabilidade política em França foi o catalisador imediato, mas o movimento rapidamente alastrou a outros mercados, incluindo o Reino Unido, onde a yield a 30 anos atingiu 5,74%, o valor mais alto desde 1998”, revela o analista.
Esta escalada penalizou as bolsas, com o DAX e o IBEX entre os mais afetados a recuar 1.7% e 1.4% respetivamente na terça-feira.
A subida dos custos de financiamento expõe a fragilidade da dívida de longo prazo e reforça a perceção de risco num contexto de crescente dependência da emissão de dívida para suportar gastos públicos, conclui Henrique Valente, analista da ActivTrades.
Portugal tem os juros a 10 anos nos 3,21% (menos 2,49 pontos base face a ontem). Espanha vê os juros soberanos nos 3,37% (menos 2,6 pontos base). Itália apresenta uma yield de 3,65% (menos 2,73 pontos base face a ontem) e a Grécia tem os juros na dívida no mesmo prazo nos 3,47% a recuar 2,23 pontos base.
As yields das obrigações do Tesouro de França e do Reino Unido estão a atingir máximos históricos, enquanto Portugal destaca-se pela sua resiliência e pelo diferencial mínimo de taxas de juro (prémio de risco) face à Alemanha.
A subida do rating da S&P para o nível mais elevado em 16 anos e o ‘spread’ da dívida a 10 anos em mínimos de 2008 põem a dívida de Portugal entre as mais seguras da zona euro.
A yield da dívida alemã a 10 anos está em 2,77%, a cair 1,33 pontos base. A dívida do Reino Unido a 10 anos está em 4,78% (cai 1,84 pontos base), Mas a 30 anos atingiu os 5,67%, um valor que reflecte um elevado risco.
Os juros da dívida francesa estão nos 3,57%, com um recuo face a ontem de 0,96 pontos base.
Os mercados europeus de ações recuperam com a volatilidade dos títulos a diminuir, destaca por sua vez Frank Walbaum, analista de mercado da Naga.
jornaleconomico