Tarifaço: Próximos meses serão decisivos para Brasil encarar 'intervenção' dos EUA, diz Haddad

BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira, 4, que os próximos meses serão decisivos para definir como o Brasil irá enfrentar o que chamou de "intervenção na política interna" realizada pelos Estados Unidos, via tarifaço.
"Depende muito do que nós vamos fazer com o nosso destino. Não depende só deles. Depende de como o Brasil vai se colocar, como vai encarar essa intervenção que está acontecendo na política interna por meio de mecanismos inaceitáveis de um país para o outro", disse Haddad em entrevista ao apresentador Datena na Rede TV!, em trecho transmitido pela emissora.
Haddad relacionou o movimento do governo norte-americano ao objetivo de explorar riquezas do território brasileiro e disse não ser razoável "forçar o resultado da eleição de 2026" com a interpretação de que um governo de extrema-direita facilitaria essa exploração com pagamento simbólico.
O ministro se referiu ao interesse estratégico dos EUA nas terras raras e minerais críticos do Brasil. Haddad disse recentemente que tem insistido junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de aprovar o marco regulatório do setor.
'Está em jogo um projeto hegemônico dos EUA'O ministro afirmou que o que está em jogo com o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil, ao fim e ao cabo, é o projeto hegemônico norte-americano, contrário ao multilateralismo.
"Um projeto hegemônico de impedir que o Brasil tenha parcerias com o mundo interno, tenha transferência de tecnologia, tenha lugar ao sol", disse.
O ministro elogiou a posição internacional adotada por Lula e afirmou que Lula visa, com sabedoria, impedir que a polarização aconteça, "no sentido de resgatar um projeto multilateral em que houvesse espaço para os países se desenvolverem".
Como exemplo, citou o esforço empenhado pelo presidente para viabilizar o acordo entre a União Europeia e o Mercosul,e pontuou que o governante manteve uma relação estrita com o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
'Empresário produtivo não tem o que reclamar deste governo'Haddad destacou indicadores econômicos recentes e afirmou que o empresário produtivo não tem o que reclamar do governo atual.
O ministro afirmou que o Brasil está crescendo o dobro da média dos últimos anos e que o desemprego está na mínima histórica. Além disso, disse que, nos três anos de governo, a inflação média ficou entre 4,5% e 4,8%, e que o "repique" que houve nos preços de alimentos já se reverteu.
"Você vê o balanço das empresas. As empresas estão ganhando dinheiro, estão empregando. Tem muita empresa que está reclamando de falta de mão de obra, não de desemprego", disse. "Nos dois primeiros governos Lula, essa turma ganhou muito dinheiro. O crescimento médio dos oito anos do presidente foi mais de 4%, uma vez e meio a média mundial", relembrou.
O ministro também afirmou que a expectativa é fechar o ano com três milhões de contratações no programa Minha Casa, Minha Vida, acima da meta de dois milhões, e citou que houve retomada dos investimentos em saúde e educação, além de recordes recentes na produção agrícola.
"Os déficits nos dois governos anteriores estavam na casa de 2%, 2,5% do PIB e você não via ninguém reclamar", acrescentou o ministro, que disse que, embora houvesse um teto de gastos, ele era "retórico".
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