Cientistas avaliaram o efeito da cafeína no cérebro durante o sono

A cafeína é um dos estimulantes mais populares do mundo, consumida por milhões de pessoas diariamente na forma de café, chá, bebidas energéticas e até mesmo alguns medicamentos. Sua capacidade de aumentar o estado de alerta e a concentração a torna indispensável para muitos, especialmente quando cansados e com pouco tempo. No entanto, apesar de seu uso generalizado, os cientistas continuam estudando seus efeitos no cérebro, especialmente no contexto do sono. Um novo estudo mostrou como a cafeína afeta o cérebro durante uma noite de sono e por que isso pode ter implicações importantes para a saúde e a função cognitiva.
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O estudo supostamente envolveu o monitoramento da atividade cerebral de 40 voluntários com idades entre 20 e 27 anos por meio de um eletroencefalograma (EEG). Os participantes receberam um placebo ou uma cápsula contendo 200 miligramas de cafeína – aproximadamente a mesma quantidade de duas xícaras de café. Os cientistas então monitoraram as mudanças na estrutura e nos ritmos das ondas cerebrais ao longo de duas noites.
Os resultados mostraram que a cafeína não apenas energiza as pessoas durante o dia, mas também tem um impacto significativo na atividade cerebral durante o sono. Especificamente, a cafeína aumentou a complexidade dos sinais cerebrais e aproximou o cérebro de um estado que os cientistas chamam de "criticalidade". Esse estado — um equilíbrio entre a estrutura e a flexibilidade das conexões neurais — é considerado ideal para o processamento de informações, o aprendizado e a tomada de decisões. No entanto, no contexto do sono, esse estado pode interferir na recuperação completa do cérebro.
O estudo descobriu que a cafeína afeta oscilações lentas da atividade elétrica cerebral, como as ondas delta, teta e alfa. Essas ondas são sinais de um sono profundo e restaurador, essencial para a consolidação da memória e a recuperação cognitiva. Nos participantes que tomaram cafeína, essas ondas foram significativamente reduzidas, especialmente durante o sono sem movimento rápido dos olhos (NREM). Isso significa que, mesmo durante o sono, o cérebro permanece em um estado mais ativo e menos restaurador sob a influência da cafeína.
“Essas mudanças sugerem que, mesmo durante o sono, o cérebro permanece em um estado mais ativo e menos restaurador sob a influência da cafeína”, observa o neurocientista Karim Jerbi. Ele acrescenta que tais mudanças podem explicar por que a cafeína afeta a qualidade da recuperação cerebral à noite, bem como a memória e as habilidades cognitivas.
Compreender como a cafeína afeta o cérebro durante o sono tem enormes implicações para a saúde e o bem-estar. No mundo atual, muitas pessoas usam café e outros estimulantes para combater a fadiga sem considerar as potenciais consequências. Pesquisas mostram que mesmo pequenas doses de cafeína podem interferir na capacidade do cérebro de descansar completamente, reduzindo sua capacidade de recuperação e fortalecimento da memória.
Além disso, cientistas descobriram que jovens de 20 a 27 anos são mais sensíveis a esses efeitos. Isso ocorre porque, no cérebro jovem, os receptores de adenosina – moléculas responsáveis pela sensação de fadiga – são mais numerosos. A cafeína bloqueia esses receptores, criando o efeito de vigor temporário, mas ao mesmo tempo interferindo nos processos naturais de recuperação noturna.
Os pesquisadores sugerem que os efeitos da cafeína no sono podem ser menos pronunciados em adultos mais velhos, pois o número de receptores de adenosina no cérebro diminui com a idade. No entanto, isso não significa que a cafeína seja completamente segura para idosos. Em vez disso, é importante considerar que diferentes faixas etárias podem ter respostas diferentes aos estimulantes, e seus efeitos na qualidade do sono e na função cognitiva podem variar significativamente.
“A cafeína é um poderoso estimulante psicoativo amplamente utilizado por todas as faixas etárias”, observam os autores do estudo. “Portanto, é muito importante entender como ela afeta o cérebro durante o sono para evitar consequências negativas e manter a saúde”, afirmam os neurobiólogos.
Com base nos novos dados, pode-se concluir que consumir cafeína tarde da noite ou antes de dormir não é a melhor escolha para quem deseja ter uma boa noite de sono e garantir a recuperação completa do cérebro. Especialistas recomendam limitar o consumo de café e outros estimulantes algumas horas antes de dormir, levando em consideração a sensibilidade individual à cafeína.
mk.ru