Peixes-palhaço encolhem seus corpos para sobreviver às ondas de calor do oceano

Nova pesquisa descobre que peixes-palhaço encolhem seus corpos para sobreviver ao aquecimento dos oceanos

NOVA YORK — Para sobreviver ao aquecimento dos oceanos , os peixes-palhaço diminuem de tamanho.

Cientistas observaram que alguns peixes com listras laranja encolheram durante uma onda de calor na costa da Papua-Nova Guiné. Os peixes que emagreceram tiveram maior probabilidade de sobreviver.

As ondas de calor estão se tornando mais comuns e intensas debaixo d'água devido às mudanças climáticas. Temperaturas mais altas da água podem descolorir as anêmonas-do-mar, habitat dos peixes-palhaço, forçando-as a se adaptarem para sobreviver.

Cientistas monitoraram e mediram 134 peixes-palhaço coloridos na Baía de Kimbe durante uma onda de calor intensa em 2023, que ainda está descolorindo corais em todo o mundo. Eles descobriram que 101 peixes-palhaço diminuíram de comprimento em uma ou mais ocasiões devido ao estresse térmico.

“Ficamos realmente chocados no início quando vimos que eles estavam encolhendo”, disse a autora do estudo, Morgan Bennett-Smith, da Universidade de Boston. As descobertas foram publicadas na quarta-feira na revista Science Advances.

Embora os cientistas ainda não saibam como os peixes-palhaço encolhem, uma ideia é que eles possam estar reabsorvendo sua própria matéria óssea. É possível que a estatura menor ajude o peixe-palhaço a economizar energia durante uma queimadura estressante, já que peixes menores precisam de menos comida.

Certos pares reprodutores de peixes-palhaço também sincronizaram seu encolhimento para aumentar suas chances de sobrevivência. As fêmeas ajustaram seu tamanho para permanecerem maiores que seus parceiros, mantendo intacta a hierarquia social dominada por fêmeas, disseram os pesquisadores.

Outros animais também diminuem de tamanho para combater o calor. As iguanas marinhas ficam menores durante os eventos do El Niño, que trazem águas mais quentes para Galápagos. Mas essa estratégia de enfrentamento ainda não havia sido observada em peixes de recifes de corais até agora.

“Esta é mais uma ferramenta na caixa de ferramentas que os peixes usarão para lidar com um mundo em mudança”, disse Simon Thorrold, ecologista oceânico da Woods Hole Oceanographic Institution, que não esteve envolvido no novo estudo.

A tática ajuda os peixes-palhaço a resistir às ondas de calor no curto prazo, mas ainda não está claro como os peixes se sairão se tiverem que continuar assim nos próximos anos, disse Thorrold.

Pesquisadores descobriram que o encolhimento foi temporário. O peixe-palhaço possuía a capacidade de "se recuperar" e crescer novamente quando seu ambiente se tornava menos estressante, mostrando como os seres vivos estão se mantendo flexíveis para acompanhar um mundo em aquecimento, disse a autora do estudo, Melissa Versteeg, da Universidade de Newcastle.

“Esses sistemas naturais realmente estão sob estresse, mas têm uma capacidade de resiliência incrível”, disse Versteeg.

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