Por favor, Sra. Cláudia

As estatísticas são um espelho, ou melhor, um retrato da sociedade, ou de fragmentos dela. São a ferramenta que nos permite entender como estamos e para onde devemos ir. Mas, no mundo automobilístico mexicano, elas sempre foram elusivas, escorregadias, secretas. Muitas marcas as utilizam para atender aos seus próprios interesses, talvez sem considerar que não são as únicas a fazê-lo, e por isso navegam em águas turvas em meio à neblina e com visibilidade muito baixa. Mas as autoridades podem resolver isso.
Transparência nas informações não é muito comum por aqui. Lembro-me de que, antes da internet, você ligava para uma concessionária para perguntar o preço de um carro, e eles não diziam. Perguntavam de onde você era, e se você dissesse que era um cliente em potencial, eles não acreditavam. Resumindo, eles não respondiam. O mesmo acontecia com as estatísticas de vendas de carros. Quando os números eram coletados pela AMIA e pela AMDA, as associações mexicanas de fabricantes e distribuidores, respectivamente, havia marcas que, por um tempo, ocupavam, digamos, o terceiro lugar em vendas, e em dezembro "vendiam" mais do que qualquer outra, magicamente assumindo o segundo lugar.
A mídia não tinha acesso às informações de vendas por modelo de carro; isso era reservado para associados ou para aqueles dispostos a pagar 25.000 pesos anuais pela reportagem, uma despesa que nenhum meio de comunicação no México autorizava a pagar (sim, um erro e miopia por parte desses meios de comunicação, mas era a realidade).
Essa manipulação de números já levou à saída de alguns presidentes e CEOs de marcas no país, o que é triste para eles e para o público, que foi enganado mais uma vez.
Há alguns anos, a tarefa de coletar dados sobre vendas de automóveis no México foi transferida para o INEGI (Instituto Nacional de Estatística e Geografia), o que aumentou a transparência e deu ao público, pela primeira vez, acesso às vendas de automóveis por modelo. O problema é que essas estatísticas ainda se baseiam em relatórios das montadoras, que muitas vezes não são confiáveis e, em alguns casos, principalmente no caso das fabricantes chinesas, simplesmente não as divulgam.
Faça a coisa certa
A realidade é que as estatísticas de vendas de automóveis são essenciais, não apenas um fato curioso. Para o país, saber quantos veículos novos estão chegando às cidades ajuda no planejamento urbano, bem como na infraestrutura do país.
E a situação está piorando. Muitas marcas chinesas se recusam a divulgar suas vendas. No ano passado, as vendas atingiram 1,495 milhão de unidades, mas esse número seria sem dúvida maior se marcas como a Geely e, especialmente, a BYD, divulgassem suas vendas. Ninguém duvida que esta última seja um sucesso retumbante. Agora é quase impossível sair às ruas sem ver um ou mais carros dessa marca chinesa. Mas não sabemos se venderam 50.000, 60.000 ou 80.000.
A Chirey parou recentemente de reportar suas vendas. E, no seu caso, a estratégia é compreensível. Ao reportar números tão negativos por um período tão longo, alguns clientes em potencial podem se sentir desencorajados a comprar alguns de seus modelos, considerando que uma marca que está passando por uma queda acentuada e sustentada no volume de vendas pode não ser tão forte no mercado. Obviamente, ninguém quer comprar um carro de uma marca se pensa que ela será descontinuada em breve. Veja bem, não estou dizendo que isso vai acontecer; estou apenas destacando e insistindo que sua estratégia de não reportar mais vendas pode ser devido à intenção de não projetar a imagem de uma marca em declínio no mercado mexicano. Há rumores de que várias marcas chinesas estão unindo forças e aconselhando as pessoas a não reportarem suas vendas.
No entanto, é um problema relativamente fácil de resolver se as autoridades nacionais simplesmente decidirem publicar o número de carros realmente registrados no país. Porque todos, mais cedo ou mais tarde, precisam de placas para dirigir (permissões não deveriam existir, mas isso é outro assunto). Dada a importância de saber o verdadeiro número de carros circulando no país e de dar aos fabricantes e distribuidores que investiram no México as ferramentas necessárias para planejar seus negócios, além de dar ao público maior tranquilidade para investir na segunda maior despesa das famílias depois de uma casa, seria maravilhoso se nosso presidente obrigasse a publicação da lista de placas, separadas por marca e modelo. É simples assim.
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