Ginecologista-obstetra explica a relação entre o vírus do papiloma humano e o câncer
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A Dra. Sandra Patricia Zapata, ginecologista e oftalmologista, abordou uma questão fundamental para a saúde pública: a relação entre o papilomavírus humano (HPV) e o câncer.
O especialista explicou detalhadamente à CityTV as características do vírus, suas formas de transmissão, as complicações que ele pode causar e a importância da prevenção por meio do diagnóstico precoce e da vacinação, tanto em homens quanto em mulheres.
O Dr. Zapata explicou que é um vírus relacionado a diversas condições humanas. Ela disse que esta é uma infecção muito comum que afeta tanto homens quanto mulheres, e lembrou que, graças aos estudos realizados, em 2008 houve a oportunidade de ter um ganhador do prêmio Nobel no mundo todo que investigou os efeitos e riscos desta infecção.
Características e localização da infecção O especialista ressaltou que o HPV é um vírus de crescimento lento que pode permanecer nos tecidos, principalmente na mucosa estratificada. Ele observou que a infecção pode ocorrer na pele e em áreas específicas, como a vagina, o pênis, o ânus e a orofaringe.
Em relação à localização nas mulheres, ela explicou: "Nas mulheres, ele fica na ponta do colo do útero, a área que leva à vagina é um local onde o vírus do papiloma gosta de ficar e é aí que ele pode causar câncer de colo de útero."
O médico explicou ainda que nos homens a infecção pode se localizar na ponta do pênis, na mucosa anal e na região orofaríngea , podendo inclusive causar papilomatose recorrente ou câncer.
Ele mencionou que a transmissão ocorre pelo contato direto de mucosa a mucosa e ressaltou que, embora o HPV seja classificado como uma doença sexualmente transmissível, o preservativo protege apenas em torno de 80% da possibilidade de infecção.
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Tanto homens quanto mulheres devem estar vigilantes. Foto: iStock.
O especialista destacou que, apesar da alta prevalência do HPV, de cada 100 pessoas infectadas, 90% eliminam o vírus em um ou dois anos por meio de suas defesas, de forma semelhante à eliminação do vírus da gripe.
No entanto, ele acrescentou que "a questão é que há 10% das pessoas que não eliminam o vírus, o vírus entra no DNA das células, altera a informação genética e produz mutações na genética dessas células que causam pré-câncer e câncer".
Sobre os genótipos, o médico explicou: "Temos mais ou menos 200 genótipos de papilomavírus que podem afetar humanos. Temos um que é o seis e o 11 que podem causar verrugas genitais ou o que chamamos de condilomas e muito raramente esses genótipos evoluem para câncer. Mas temos alguns que são como os mais específicos e aqui, na Colômbia, causam aproximadamente 70% do câncer cervical, que são o 16 e o 18. Temos outros como o 31, 36, 45, 52 que também são considerados de alto risco, ou seja, podem causar câncer."
Diagnóstico e acompanhamento Em resposta às preocupações sobre como detectar uma fase crítica da doença em pacientes que não visitam o médico regularmente, o Dr. Zapata explicou que se trata de "um vírus traiçoeiro, é um vírus de progressão lenta" e que "entre o momento em que você é infectado e o aparecimento do câncer avançado, pode levar entre 5 e 10 anos e, realmente, até que seja um processo muito avançado, pode não apresentar nenhum sintoma".
Neste contexto, ela destacou a importância da educação sexual, da redução da multiplicidade de parceiros, do uso do preservativo, da vacinação e dos testes de rastreio. Ela lembrou que, tradicionalmente, a citologia vaginal era usada para detectar alterações nas células do colo do útero, mas atualmente esse exame é complementado pelo teste de PCR, que busca especificamente genótipos de alto risco.
Ela recomendou que "dois ou três anos após o início das relações sexuais, a mulher inclua no seu check-up um exame de citologia vaginal para detectar problemas" e que, a partir dos 30 anos, a pesquisa do vírus seja incluída no seu check-up.
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Vá ao médico. Foto: iStock
O médico também abordou a questão da vacinação, ressaltando sua eficácia em indivíduos que ainda não iniciaram a vida sexual.
"Ela é mais eficaz em grupos que ainda não iniciaram a vida sexual. Por isso, o ideal é vacinar meninos e meninas agora. Eles são vacinados a partir dos 9 anos e está incluída no plano de vacinação obrigatória dentro do PAI", disse.
Ela explicou que, até três ou quatro anos atrás, eram utilizadas vacinas que protegiam contra quatro cepas (6, 11, 16 e 18), oferecendo 80% de proteção contra o câncer de colo de útero.
Foi especificado que, passada a adolescência, a vacina pode ser administrada a homens até 26 anos (fora do esquema nacional, com custo adicional) e a mulheres até 45 anos, independentemente de terem ou não iniciado a vida sexual. Ele também observou que a vacinação ainda é recomendada para proteção contra outras cepas, caso o vírus tenha sido eliminado anteriormente.
Recomendações Por fim, o especialista ressaltou a necessidade de acompanhamento médico periódico quando o vírus for detectado. Ele disse que "uma vez detectado, é preciso ver em que estágio a doença está" e ressaltou que, embora a maioria das pessoas elimine o vírus, não se deve presumir que não seja necessário atendimento médico: "É preciso fazer um check-up a cada 6 meses, a cada ano, até que os exames mostrem que a pessoa eliminou o vírus".
"Procure um médico especialista em homens caso note alguma lesão, verruga ou qualquer ferimento externo e faça exames periódicos com o urologista", acrescentou.
*Com informações da CityTV.
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