Segurança rodoviária: escolas de condução, alvos prioritários de condutores agressivos

O que está acontecendo nas autoescolas francesas? Além dos engarrafamentos durante o exame de direção, a France Télévisions entrevistou 87% dos motoristas que afirmam temer agressões de outras pessoas na estrada. As autoescolas se tornaram alvos prioritários.
Este texto é um trecho da transcrição da reportagem acima. Clique no vídeo para assisti-lo na íntegra.
Pierre Quibel é um instrutor de direção cauteloso. Porque há um mês, enquanto seu aluno praticava arduamente como estacionar em uma área residencial de Rouen, em Seine-Maritime, um motorista ficou impaciente e se aproximou do veículo deles. "A janela estava aberta e, de repente, ele chegou mais ou menos a esta altura. Ele me disse que eu não tinha nada a ver com isso e então cuspiu em mim e, quando comecei a dirigir novamente, levei uma pancada no lado direito do rosto", diz ele. "Fiquei surpreso, não esperava ser atacado daquela forma durante uma aula de direção, especialmente por alguém de fora. Então, os alunos também ficaram chocados", continua o instrutor, surpreso.
Desde então, Pierre investiu em óculos equipados com câmeras. Assim como ele, outros instrutores relataram incivilidade. Os culpados são motoristas apressados, intolerantes com os erros dos alunos, a ponto de chegarem às vias de fato. Para os aprendizes de direção , o inferno são os outros motoristas: "Eles estão com pressa para chegar em casa, então nos colam de perto. Ou podem até cometer infrações, como cortar a frente de alguém", diz um aprendiz de direção.
A pressão muitas vezes vem da impaciência. No meio do trânsito parisiense, uma jovem estudante conhece o código da estrada e respeita os limites de velocidade. Mas, mesmo tendo prioridade, um motorista parece não querer deixá-la passar. Esse é um comportamento comum, segundo o instrutor. "Estou vendo isso cada vez mais: muitos motoristas não querem ficar atrás de uma autoescola. Porque eles presumem que a autoescola pode parar, que dirigirá devagar, que respeitará o código da estrada e, para eles, isso será inconveniente. Se eu remover a placa do teto, garanto que ninguém vai cometer uma infração, ninguém vai nos seguir de perto", explica ele.
Comportamento perigoso que pode levar alunos a acidentes: "Vemos a direção deles mudar depois. Vemos que estão correndo riscos. Eles vão acelerar porque estão sendo parados", acrescenta o instrutor. Para os profissionais, essas incivilidades têm um custo. Em Béziers (Hérault), em uma autoescola, 12 dos 22 veículos foram atingidos no ano passado. Isso está começando a pesar nas finanças da empresa.
"Na verdade, tínhamos um prêmio de seguro anual de cerca de 25.000 euros e recebemos uma chamada para contribuições de cerca de 40.000 euros no ano seguinte porque, justamente, tínhamos muitos sinistros sem responsabilidade, já que eram principalmente colisões traseiras. Quando você vê um aviso de vencimento que chega a mais de 40.000 euros por ano, você começa a suar, pensando em como vai cobrir isso", lamenta Gérald Blanco, gerente da autoescola.
Motoristas iniciantes enfrentam perigos na estrada: 30% dos franceses admitem que andam muito perto de um motorista que os irrita.
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