Relatório de Títulos Verdes de Mercados Emergentes 2024: Alta Incerteza Complica Previsão de Curto Prazo

Amundi e IFC , entidades do Grupo Banco Mundial , apresentaram seu relatório anual sobre títulos verdes de mercados emergentes . Os títulos sociais, de sustentabilidade e vinculados à sustentabilidade (GSSB) são uma classe de ativos relativamente nova, nascida há pouco mais de uma década com os primeiros acordos de títulos verdes. No momento da redação deste texto (abril de 2025), a economia global é caracterizada por um alto nível de incerteza, o que torna difícil prever a emissão de curto prazo de títulos GSSS em mercados emergentes. Dito isso, os impulsionadores do mercado são claros, como o provável ressurgimento de novas emissões para refinanciar cerca de US$ 330 bilhões em títulos que vencerão nos próximos três anos. Por outro lado, três fatores podem impedir a emissão de novos títulos GSSS: crescimento econômico global mais fraco, mudanças regulatórias recentes na Europa e sentimento negativo dos investidores em relação a ESG.

A longo prazo, as perspectivas para os títulos GSSS em mercados emergentes permanecem sólidas . O investimento anual em energia limpa, que garante maior eficiência e segurança de fornecimento, deverá dobrar nos próximos anos. Esse crescimento provavelmente será sustentado por um setor de energia renovável cada vez mais competitivo e por compromissos ambiciosos de instituições multilaterais.

A emissão global de títulos GSSS atingiu o recorde histórico de US$ 1 trilhão em 2024

A análise mostra que a emissão global de títulos GSSS atingiu um recorde de mais de US$ 1 trilhão em base bruta em 2024, um aumento de 3% em relação ao ano anterior. No entanto, a participação dessa classe de ativos na emissão total de renda fixa caiu de 2,5% no ano anterior para 2,2% em 2024. Esse número ainda está bem acima dos 0,6% registrados em 2018.

Nos mercados emergentes, as vendas de títulos GSSS caíram 14% em relação ao ano anterior . Grande parte dessa queda foi atribuída à redução da emissão na China, onde emissores locais migraram para títulos tradicionais no mercado onshore. Outro fator por trás da queda do mercado foi a contração de 23% na emissão geral de renda fixa em mercados emergentes fora da China, em meio à desaceleração do crescimento econômico na Ásia e na Europa. No entanto, a penetração de títulos GSSS em mercados emergentes fora da China ultrapassou 5%, um novo recorde que supera as taxas da China e de mercados desenvolvidos.

Do ponto de vista dos preços, o chamado prêmio verde ou "greenium" (um desconto no rendimento para emissores de títulos GSSS) caiu mais da metade, de 2,5 pontos-base em 2023 para 1,2 ponto-base em 2024, segundo cálculos da Amundi . Para os mercados emergentes, no entanto, o greenium praticamente desapareceu em 2024, à medida que a oferta dessa classe de ativos acompanhou a demanda.

Uma diversificação crescente

A emissão acumulada de títulos GSSS globais entre 2018 e 2024 atingiu aproximadamente US$ 5,1 trilhões. Os emissores de mercados emergentes contribuíram com aproximadamente US$ 800 bilhões, ou 16%, nesse período. Um dos principais impulsionadores desse crescimento é a transição energética da geração de energia baseada em carbono para formas ou tecnologias alternativas mais limpas. O investimento em energia limpa em mercados emergentes aumentou mais de 70% desde 2018, com a China registrando um aumento de 170%. O interesse dos investidores também se intensificou significativamente. Os fundos sustentáveis ​​atingiram US$ 3,6 trilhões em ativos sob gestão em 2024, ante US$ 1,4 trilhão em 2018, com as alocações de renda fixa em carteiras de investimento aumentando em 22%. Além disso, de acordo com a OCDE, de 2016 a 2022, instituições multilaterais alocaram US$ 238 bilhões em financiamento climático para mercados emergentes.

Yerlan Syzdykov, Diretor Global de Mercados Emergentes da Amundi , afirmou: “O mercado de títulos GSSS está passando por uma diversificação significativa. Embora os títulos verdes dominem há muito tempo a emissão de títulos GSSS em mercados emergentes, há uma crescente migração para títulos sustentáveis. Essa tendência é particularmente forte entre instituições multilaterais e, de forma mais ampla, emissores fora da China que buscam a flexibilidade dos títulos sustentáveis ​​para financiar projetos ambientais e sociais.”

Após o fim da pandemia da COVID-19 , a demanda por financiamento de saúde diminuiu progressivamente, levando à estabilização das vendas de títulos sociais.

Esta classe de ativos representa 6% do total de emissões de títulos GSSS em mercados emergentes entre 2022 e 2024. Em contrapartida, os títulos atrelados à sustentabilidade apresentaram forte queda. Isso pode refletir as crescentes críticas às suas deficiências de concepção e às fracas estruturas de sanções, que não incentivam adequadamente os emissores a cumprir as metas de sustentabilidade estabelecidas nos termos da emissão.