Contrato para captar investidores estrangeiros para Coimbra sem resultados conhecidos

Um contrato de marketing para captar investimento nacional e estrangeiro para Coimbra, celebrado entre o município e uma empresária israelo-americana, foi celebrado em junho de 2022, mas três anos depois desconhecem-se resultados do serviço.
O contrato entre a Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e a empresária israelo-americana Nirit Harel, pelo valor de 67.500 euros, foi celebrado em junho de 2022, após concurso público, e deveria estar concluído no final desse mesmo ano (tinha um prazo de execução de seis meses), mas só em janeiro de 2025 o município deu o serviço como concluído, desconhecendo-se, até ao momento, os resultados do mesmo.
O contrato com a empresária para a captação de investimento estrangeiro chegou a estar suspenso, tendo sido retomado a 31 de maio de 2024, altura em que a Câmara de Coimbra fez um ajuste direto com a empresa Slideshow, por cerca de 20 mil euros, para a realização de um vídeo associado ao serviço de Nirit Harel.
Em janeiro de 2025, a CMC, liderada por José Manuel Silva, apenas disse, em resposta à agência Lusa, que o contrato já estava executado e que as peças tinham sido recebidas pela autarquia e que seriam divulgadas posteriormente, após análise dos serviços municipais.
Em maio, a Lusa pediu o relatório de execução do contrato e os resultados do trabalho de Nirit Harel para a captação de investimento estrangeiro, mas não obteve qualquer resposta, apesar de a autarquia ter dito em dezembro de 2024 que o acesso aos documentos seria assegurado “após a execução do contrato”.
Também em maio, o Instituto Pedro Nunes (IPN), incubadora criada pela Universidade de Coimbra, anunciou uma iniciativa internacional, chamada de CoimbraTech Challenge, que iria decorrer de 15 a 19 de junho, para fortalecer a posição de Coimbra “como um centro de excelência competitivo para a inovação sustentável, ‘deep tech’ e empreendedorismo internacional”.
Segundo a nota de imprensa na altura enviada, o evento seria realizado em colaboração entre o IPN e a Impact Portugal, empresa sobre a qual a agência Lusa não conseguiu encontrar qualquer informação, mas que estará associada a Nirit Harel, que na rede social Linkedin afirma ser a diretora da Impact Portugal, da Impact Manhattan e da Impact Tel Aviv.
O evento serviria para receber empresas estrangeiras “criteriosamente selecionadas” com ambições de expansão para a Europa, assegurando viagem e alojamento, “acesso VIP a decisores e reuniões com investidores selecionados”.
Também no final de maio, a Lusa enviou diversas perguntas sobre o evento ao IPN, mas sem qualquer resposta nem esclarecimento sobre esta iniciativa, que no seu site afirma que será realizada, afinal, no outono de 2025.
A iniciativa falava ainda da “estreia pública da Baixinova, primeira aldeia de inovação integrada em Portugal”, cuja marca foi registada por Nirit Harel, a 10 de janeiro, registo esse que teve oposição por parte da Câmara de Coimbra em março, estando ainda a decorrer o prazo de oposição no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), de acordo com o processo consultado pela Lusa.
A 29 de maio, a agência Lusa perguntou à CMC se era dinamizadora da Baixinova, quais as alegações que apresentou de oposição ao registo da marca e se as relações entre as duas partes tinham cessado face ao processo litigioso, mas não obteve qualquer resposta.
No Linkedin, onde Nirit Harel partilhou o evento CoimbraTech, a empresária autointitula-se conselheira para o desenvolvimento internacional da Câmara de Coimbra, apesar de o contrato de prestação de serviços ter terminado em janeiro.
À Lusa, o município também não esclareceu se subsiste alguma relação contratual entre as duas partes.
O IPN também não respondeu a qualquer pergunta sobre quais as empresas estrangeiras que estariam selecionadas para o evento e de que países, nem de que se trata a iniciativa Baixinova.
A Lusa procurou também obter esclarecimentos junto da empresária Nirit Harel, mas sem sucesso.
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