O economista Maslennikov explicou por que as reservas comprovadas de petróleo da Rússia durarão apenas 26 anos

A Rússia e seu setor energético enfrentam um desafio formidável: as reservas comprovadas de petróleo do país, de 31 bilhões de toneladas, durarão apenas 26 anos nos níveis atuais de produção. Além disso, apenas 13 bilhões de toneladas são lucrativas, uma parcela significativa das quais são reservas difíceis de recuperar, disse o chefe do Ministério de Recursos Naturais, Alexander Kozlov. O sinal que eles enviam ao estado é óbvio: a indústria petrolífera na Rússia está subfinanciada e algo precisa ser feito a respeito.
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De acordo com o Ministério dos Recursos Naturais, os recursos petrolíferos totais estimados da Federação Russa chegam a 95 bilhões de toneladas. “A diferença é que eles ainda precisam ser preparados por meio de exploração geológica — tanto pelo estado quanto por empresas — e só então podem ser transferidos para reservas”, explicou Kozlov.
No início de 2022, a Rússia ocupava o quinto lugar no mundo em reservas de hidrocarbonetos, depois da Venezuela, Arábia Saudita, Canadá e Irã. Quanto à produção (óleo com condensado), segundo estimativas do governo, até o final de 2024 ela será de 514,1 milhões de toneladas. Hoje, apenas os Estados Unidos e a Arábia Saudita produzem mais. O desenvolvimento de novos depósitos ocorre anualmente. Só no ano passado, foram inaugurados 39 deles, os mais significativos na região de Irkutsk, Okrug Autônomo de Yamalo-Nenets, Krasnoyarsk Krai e Yakutia. Mas descobrir não significa dominar.
No caso de reservas exploradas, estamos falando daquelas que, em primeiro lugar, foram descobertas no subsolo como resultado de um complexo de trabalhos de exploração geológica e, em segundo lugar, foram avaliadas com completude suficiente para seu desenvolvimento, projeto e avaliação econômica da viabilidade de construção de um empreendimento de mineração. De acordo com o grau de estudo, elas são divididas em várias categorias: “A” - reservas exploradas detalhadamente; "B" - pré-explorado; “C1” - reservas de depósitos com estrutura geológica complexa e reservas pouco exploradas. Há também a categoria “C2” – promissora, pré-avaliada.
Quanto às reservas difíceis de recuperar (HRRR), elas não podem ser extraídas de forma eficiente e lucrativa usando tecnologias tradicionais. Por exemplo, reservas difíceis de recuperar incluem depósitos em áreas remotas (no Ártico ou na plataforma continental, onde não há infraestrutura para produção e transporte); reservas residuais de depósitos desenvolvidos; óleo altamente viscoso e difícil de trazer à superfície. Um exemplo notável é a Formação Bazhenov da Sibéria Ocidental, uma formação de xisto localizada a uma profundidade de 2 a 3 quilômetros.
“Os recursos de depósitos antigos, que foram explorados ativamente nos tempos da URSS, foram quase completamente esgotados”, afirmou Nikita Maslennikov, um dos principais especialistas do Centro de Tecnologias Políticas, em uma entrevista ao MK. – E como todo o óleo leve da superfície já foi bombeado para fora, precisamos ir a profundidades de até 2 mil metros. Mas hoje, na Rússia, a exploração geológica é subfinanciada, e estamos atrasados em relação a muitos países em termos de equipamentos tecnológicos. Nessa situação, se nada mudar, as reservas de hidrocarbonetos líquidos da economia podem não ser suficientes para um desenvolvimento estável, pelo menos até 2040-2050.
- Então qual é a solução?
- A esmagadora maioria das reservas se enquadra na categoria de reservas difíceis de recuperar. Isso significa que precisamos ser mais ativos na exploração geológica e, nesse sentido, recuperar o tempo perdido. A Rússia precisa de sua própria tecnologia nacional para extrair esses mesmos minerais difíceis de recuperar, já que outros países estão muito à nossa frente nesse aspecto. Por exemplo, no caso da Formação Bazhenov, que agora está essencialmente em coma, é necessário realizar perfurações horizontais muito profundas. Lá, a produção real pode começar em algum lugar entre 1,5 e 2 quilômetros da superfície da Terra, e este é um poderoso desafio tecnológico. Poucas empresas conseguem lidar com isso. Além disso, há muitos poços considerados desequilibrados no país — abandonados, subexplorados e subdesenvolvidos. Seu número é medido em milhares. Acredito que seja necessário criar um subsetor separado que lide com depósitos de baixo lucro que foram ignorados por grandes empresas. Mas isso requer soluções logísticas, tecnológicas e financeiras.
- Qual é o limite de lucratividade para depósitos na Rússia hoje?
- Pelos padrões mundiais, ele é mediano. Se um cenário de estresse se concretizar nos mercados e os preços do petróleo caírem para US$ 35-40 por barril, o valor máximo para a Rússia poderá ser considerado US$ 30-35. O limite é, em qualquer caso, menor do que para poços de xisto nos EUA: lá, os produtores obtêm lucros sustentáveis a um preço de petróleo de US$ 50-55 por barril. A este respeito, gostaria de salientar que, após a crise financeira de 2008-2009, a tendência global foi um declínio no investimento na produção de petróleo. E se as coisas continuarem iguais, os preços poderão disparar por volta de 2035-2040.
mk.ru