Kremlin rejeita alegação de Trump de que a Ucrânia pode vencer a guerra
O Kremlin rejeitou na quarta-feira a sugestão do presidente dos EUA, Donald Trump, de que a Ucrânia poderia vencer a guerra com a Rússia, insistindo que Moscou continuaria com o que chama de "operação militar especial" porque não vê "nenhuma alternativa".
Após se reunir com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky à margem da Assembleia Geral da ONU, Trump disse na terça-feira que a Ucrânia poderia recuperar todo o território perdido desde a invasão em grande escala da Rússia em 2022. Ele confirmou que o fracasso da Rússia em garantir uma vitória rápida mostrou que o país era mais fraco do que parecia, elogiando o "grande espírito" da Ucrânia e dizendo que ela estava "só melhorando".
"O Sr. Trump ouviu o que está acontecendo da perspectiva de Zelensky. E, aparentemente, neste momento, essa versão é o que levou à avaliação que ouvimos", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista à Rádio RBC. "Não podemos concordar com tudo o que ele disse."
"Continuamos nossa operação militar especial para garantir nossos interesses nacionais... Estamos fazendo isso pelo presente e pelo futuro do país. Por muitas gerações futuras. Não temos alternativa", disse Peskov, acrescentando que Moscou estava determinada a abordar as "causas profundas" do conflito, uma abreviação das justificativas de longa data do Kremlin para a invasão.
Na terça-feira, Trump também descreveu a Rússia como um "tigre de papel", citando sua incapacidade de assumir o controle da maior parte da Ucrânia, quase quatro anos após o início da guerra. Ele destacou uma onda recente de ataques de drones ucranianos a instalações energéticas russas, que alimentaram a escassez de gasolina e preços recordes em toda a Rússia.
“A Rússia dificilmente é um tigre”, disse Peskov à Rádio RBC. “É mais frequentemente associada a um urso. E não existe urso de papel. A Rússia é um urso de verdade. Putin descreveu nosso urso muitas vezes, e em tons diferentes. Não há nada de papel nele.”
Trump também pediu a países como China, Índia e membros da UE que parem de comprar petróleo russo como forma de pressionar Moscou. Peskov rejeitou a ideia, dizendo que o presidente americano, um ex-empresário, estava tentando aumentar as vendas de energia dos EUA.
“A coisa mais simples é forçar o mundo inteiro a comprar petróleo americano mais caro e gás liquefeito americano mais caro”, disse o porta-voz do Kremlin. “E sem recorrer a nenhuma manobra diplomática elaborada, é essencialmente isso que ele está fazendo.”
Apesar de endurecer sua retórica em relação à Rússia, Trump evitou até agora culpar diretamente o presidente Vladimir Putin por iniciar a guerra contra a Ucrânia. Pressionado por repórteres na terça-feira sobre se acreditava que Putin era confiável nas negociações, Trump desviou o assunto: "Avisarei vocês em um mês".
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