O Ministério Público responde às vítimas de CAME e as orienta a registrar queixas formais.

A Procuradoria-Geral da República (FGR) , por meio da Promotoria Especializada em Direitos Humanos (FEMDH) , respondeu a um documento apresentado por poupadores da Sociedade Financeira Popular CAME , que acusam a instituição de suposta fraude e apontam omissões da Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários (CNBV) .
A resposta da Procuradoria-Geral da República veio após os indivíduos afetados terem apresentado sua petição em 25 de agosto, após um protesto em frente ao Palácio Nacional, no qual exigiam a intervenção do governo federal e o apoio da presidente Claudia Sheinbaum para recuperar suas economias. No entanto, a resposta limitou-se a orientar os poupadores sobre como registrar uma reclamação.
"Essa foi a resposta ao nosso pedido de audiência com o Presidente: um simples: 'Vá e registre sua reclamação'", disse um dos poupadores.
De acordo com o documento obtido pelo El Economista, datado de 28 de agosto, a Unidade de Serviços Comunitários da Procuradoria-Geral da República (FGR) afirmou que não tem poderes diretos para investigar os fatos, uma vez que a investigação de possíveis crimes é de competência do Ministério Público e das autoridades de segurança, conforme estabelecido pela Constituição.
No entanto, a instituição ofereceu orientação jurídica aos requerentes para que protocolassem formalmente a denúncia na Promotoria Especial de Investigação de Crimes Tributários e Financeiros, a fim de sanar as irregularidades denunciadas.
"A referida unidade está apenas fornecendo aos peticionários orientação jurídica relevante às questões levantadas em sua carta, como uma resposta: isso está em conformidade com a obrigação de resposta que o direito de petição impõe à instituição e aos servidores públicos que nela trabalham", afirma a carta.
O documento também detalha que os poupadores, liderados por Lizbeth Morales, solicitaram uma audiência com o Presidente da República e que, desde novembro de 2024, vinham denunciando irregularidades na CAME, entidade que encerrou suas operações em abril de 2025 e foi posteriormente intervencionada pela CNBV. Apesar disso, os poupadores alegam que não lhes foi garantida a recuperação de seus ativos nem foram informados claramente sobre o destino de seus recursos.
Vale destacar que, paralelamente, as vítimas já haviam registrado denúncia por diversos crimes na Promotoria Especializada em Combate ao Crime Organizado (FEMDO), e há outro processo de investigação em andamento na Promotoria Especializada em Controle da Concorrência (Fecoc), ambas da FGR.
Venha com evidências
O documento recentemente entregue aos poupadores também os lembra que, ao exercerem seu direito de petição, as autoridades são obrigadas a responder. Nesse sentido, a Unidade de Serviços Comunitários do Ministério Público enfatizou que a medida imediata é apresentar provas, documentos e depoimentos à autoridade especializada em crimes financeiros, para que esta possa determinar se uma investigação criminal deve ser iniciada.
Por sua vez, a CNBV publicou um comunicado em seu site anunciando a intervenção da CAME, com o objetivo de "salvaguardar os interesses dos poupadores e preservar a estabilidade do sistema de poupança popular".
No entanto, os reclamantes sustentam que até o momento não receberam informações claras ou certezas quanto à devolução dos seus fundos.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que não tem competência direta para investigar os fatos, uma vez que a apuração de eventuais crimes é de competência do Ministério Público.
Eleconomista