<![CDATA[ Há uma ameaça invisível na água que bebe, na roupa que veste e no ar que respira ]]>
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Primeiro, a mensagem alarmista: muitos dos produtos que usamos no dia-a-dia contêm compostos que nos podem adoecer. Agora, as boas notícias: é possível fazer escolhas que nos protejam e ter conhecimento do assunto é fundamental. Este artigo fala de uma ameaça invisível chamada nanoplásticos – partículas minúsculas de plástico, mais pequenas ainda que os microplásticos, e que podem ter dimensões 70 vezes inferiores ao diâmetro de um fio de cabelo.
O problema destes compostos está justamente na sua dimensão. "Devido ao seu tamanho muitíssimo pequeno conseguem atravessar barreiras biológicas, como a barreira intestinal ou mesmo a hematoencefálica (estrutura que protege o cérebro), chegando por isso a órgãos vitais", explica à SÁBADO a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (Nova FCT), Rita Maurício.
Não é que estas partículas de plástico minúsculas sejam prejudiciais por si só, mas alguns deles contêm substâncias químicas, como o bisfenol ou os ftalatos, que o são. "Nestas situações, os plásticos atuam como veículos de entrada no organismo para substâncias químicas que podem interferir ou desregular o sistema endócrino", chama a atenção Joana Antunes, também investigadora na mesma instituição, e cujo doutoramento foi precisamente nesta área.
A ideia a reter é que determinados produtos feitos de plástico podem ser mesmo perigosos. As investigadoras nomeiam como os piores: as garrafas de plástico reutilizadas, embalagens de take-away e cosméticos, como alguns esfoliantes com partículas de plástico, assim como aqueles que contêm os chamados disruptores endócrinos (substâncias que interferem no nosso sistema hormonal), como o bisfenol e os ftalatos (já referidos anteriormente) e uma classe de produtos químicos chamada PFAS. "Que são substâncias que não se degradam persistindo no ambiente durante décadas", traduz Rita Maurício.
Estas substâncias entram no nosso corpo através da ingestão de água (nos tais recipientes de plástico), de determinados alimentos ou medicamentos, através da pele com substâncias utilizadas no fabrico da roupa e até mesmo por inalação, através de partículas presentes no ar.
Uma vez no organismo, os perigos são vários. A ligação mais conhecida é com o cancro, embora seja muito difícil de estabelecer uma relação de causa efeito. "Porém, é consensual na comunidade científica que a exposição crónica, mesmo em doses extremamente baixas, tem efeitos desreguladores endócrinos", diz Rita Maurício. Mais: a própria Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC) classifica estas substâncias como "possivelmente cancerígenas".
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